terça-feira, fevereiro 06, 2007

Sobre o vulcão de lama....

Atenção, esta lama é essencialmente constituida por uma mistura de sedimentos e uma fase fluida composta por hidrocarbonetos (principalmente metano) e água. O metano é dos mais poderosos gases de efeito de estufa. Numa extrusão como esta podem ser libertadas quantidades enormes deste gás. É fácil imaginar qual o impacto de uma extrusão como esta se continuar durante mais de um século. E este não é um caso isolado, longe disso. Estas extrusões ocorrem com grande frequencia no fundo do mar, quer naturalmente, quer por acção antrópica. Já por várias vezes referi, é importantíssimo contabilizar o metano libertado para a atmosfera deste modo. Sem que isso seja feito os modelos de previsão climática podem estar profundamente errados. Não há duvida de que o homem é o principal agente nestas alterações, mas uma extrusão como esta é devastadora em termos ambientais.

Só no Golfo de Cádis existem mais de quarenta vulcões de lama como este.
Actualmente estão documentadas ocorrências de vulcanismo de lama em 41 áreas emersa e 21 imersas. Segundo Milkov & Sassen (2003) foram identificados cerca de 1.100 vulcões de lama em terra e em margens continentais, e estima-se que possam existir nos taludes continentais e planícies abissais entre 1.100 e 100.000 vulcões de lama (ver figura).



Distribuição dos vulcões de lama: onshore – quadrados, offshore – círculos; cheios – provados, abertos – possíveis (Milkov, 2002).

Diagrama interpretativo de um vulcão de lama e sua estrutura interna. (Fonte: E. Kozlova, M. Ivanov, F. Baudin, C. Largeau,S. Derenne; adaptado de A. Akhmetzhanov).

3 comentários:

Rui M disse...

O metano dos vulcões de lama ja deve estar mais ou menos contabilizado nas emissões naturais dos oceanos, e como grande parte do mesmo é até oxidado para CO2, não deve fazer grande diferença, a menos que haja algum acelerar na actividade dos ditos vulcões.
Na minha opinião, o pior é mesmo o metano libertado pelo degelo do permafrost e destabilização dos hidratos de metano com a subida da temperatura, que são mais impresiviveis e podem vir a amplificar o aquecimento entretanto verificado.
Já agora, o que são os quadrados na figura com a distribuição dos campos de vulcões de lama?

João Moedas Duarte disse...

Os quadrados são os vulcões de lama onshore (cheios=provados; abertos possíveis).
Concordo em parte com o facto de muito do metano estar contabilizado, mas ainda existe muita incerteza inerente ao facto de ainda sabermos muito pouco acerca deste fenómeno. Mas tenho confiança que os actuais grupos de trabalho estejam bem informados. Concordo também que talvez o degelo do permafrost seja de facto o mais preocupante. Sendo que a acumulação de CO2 leva ao degelo destas áreas permanentemente geladas e à consequente libertação do metano "congelado", e que a subida do nivel do mar leva à destabilizaçao dos hidratos, o processo torna-se uma bola de neve..

Anónimo disse...

Olá queridos colegas!

Fico feliz por comentar neste cantinho tão bem cuidado.

Gostaria de acrescentar que a principal fonte de metano atmosférico é antropogénica e são os arrozais, sobretudo asiáticos. As quantidades libertadas são abissais quando comparadas com outras fontes, sejam elas naturais (como os vulcões de lama) ou antropogénicas (biodegradação, produtos metabólicos, etc.).

Já agora: pode ter-se outro perfil e manter a mesma conta de blogger?

Um abraço