Construção, sismos e responsabilidade
Pode-se ler na edição impressa do Público de hoje (mais) uma notícia (transcrita abaixo) sobre a inacreditável negligência que caracteriza as nossas autoridades e entidades privadas em relação à preparação das estruturas para resistir a um sismo.
A existência de legislação ajuda a que o Estado fique com a consciência tranquila, apesar de não fiscalizar a sua aplicação, o que deixa as construtoras livres de a cumprir ou não, e já se sabe que como a memória é curta (1755 e 1910 já foram há muito tempo...), pode-se muito bem poupar uns trocos em materiais e estudos geotécnicos que essas coisas nunca hão acontecer...
E pronto, assim deixa-se tudo a postos para uma catástrofe anunciada em que a culpa vai morrer, como de costume, solteira.
A existência de legislação ajuda a que o Estado fique com a consciência tranquila, apesar de não fiscalizar a sua aplicação, o que deixa as construtoras livres de a cumprir ou não, e já se sabe que como a memória é curta (1755 e 1910 já foram há muito tempo...), pode-se muito bem poupar uns trocos em materiais e estudos geotécnicos que essas coisas nunca hão acontecer...
E pronto, assim deixa-se tudo a postos para uma catástrofe anunciada em que a culpa vai morrer, como de costume, solteira.
Poucas garantias na resistência a sismos
Numa semana em que o sul do país sofreu um sismo, as nossas casas estão preparadas para resistir aos sismos? "Umas sim, outras não", afirma o bastonário. "a partir dos anos 40/50 as construções passaram a ser de betão armado. Se forem aplicados os regulamentos obrigatórios, o que os engenheiros podem garantir é que em caso de sismo não há colapso. Pode haver danos, mas não há colapso." Para as construções anteriores há mais nuances. "A seguir ao terramoto de 1755 passou a construir-se em madeira, tipo gaiola, que era uma construção inovadora para a época. depois tivemos um período menos bom no princípio do século xx, em que ainda não havia o betão armado e a construção era em alvenaria". Nestas construções "começou a deitar-se algumas paredes abaixo, o que altera a capacidade de resistência do edifício e não há uma garantia do comportamento".
Um "aspecto muito positivo" é o facto de metade dos 5,5 milhões de habitações que há em Portugal ter sido construída nos últimos 30 anos.
Mas, ainda assim, "também não há uma garantia porque não há uma qualificação rigorosa dos técnicos que podem subscrever projectos", diz fernando santo. "Os técnicos não são sempre engenheiros e o ordenamento do território não é o nosso melhor domínio. Muitas construções foram feitas em leitos de cheias, em zonas onde não devia ter sido permitida a construção sem que tenham sido feitas as sondagens e os estudos geotécnicos para que as fundações fossem as exigidas."
Responsabilidades? "Deixar construir naquelas condições é das entidades públicas que aprovam. Da parte dos técnicos, a responsabilidade é não terem pedido os estudos nem a análise do terreno."
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