quarta-feira, janeiro 03, 2007

Erosão Costeira...Porque será?

Chegam-nos notícias, cada vez mais frequentes, da erosão da praia de S. João da Caparica. Muitos pensam no "e agora?", aqui pensamos no "Porquê?".




No mundo natural tudo está em equilíbrio, ou procura esse equilíbrio. É a maneira que a Natureza tem de "simplificar" os seus processos.
Na zona costeira é isso que acontece. Pelo "trabalho" das marés, das ondas e do vento, os sedimentos (areias) são transportados para o mar ou para a costa, consoante o estado de equilíbrio das forças. Nem com as habituias marés vivas, os sedimentos se "perdem" de vez, porque, por uma questão de equilíbrio, o sedimento que foi "retirado" à costa é devolvido em fases mais calmas. Uma peça importante nisto tudo, é a existência de...sedimentos, pois claro.

Tem-se falado nas consequências, ou seja, como vamos ser "prejudicados". Pouco sobre as causas. O que ouvi era suficiente para gerar debates, para arregaçar as mangas a "pensar" em soluções de futuro, e não só para a costa da caparica.
De entre a ocupação urbana da zona costeira, à subida do nível do mar, há uma explicação que me parece mais "natural" de que todas as outras.

Porque será que a "primeira" praia da costa da caparica a sofrer esta erosão é a de S. João? Como disse anteriormente, uma peça importante para se estabelecer o equilíbrio, é o sedimento. Esse sedimento vem do rio Tejo, importante "fornecedor" dos mesmos, que, através das correntes se depositam junto à costa e entram no, agora já famoso, equilíbrio. Aliás, basta pensar nas zonas de praia ao longo da costa atlântica portuguesa para reparar que se situam em zonas de influência de rios importantes.

Está aqui, para mim, a verdadeira causa da erosão costeira no nosso país. A extracção de areias, a dragagem na foz dos rios (ambos sem controle e planeamento) e a acumulação de sedimentos nas barragens, estão a quebrar o ciclo que existe entre as forças das marés, das ondas e do vento. Não havendo sedimento a ser "reposto" na zona costeira, o mar vai "roubando" a areia cada vez mais para o interior, até às dunas, até deixar de haver dunas, até deixar de haver areia. Quando isto acontecer e porque na Natureza tudo se faz com equilíbrios, o mar vai começar a procurar a areia noutros locais. Eu digo...mais a sul, não sei porquê... Mais uma vez, os ciclos...As correntes, naquela zona, levam os sedimentos para sul, e é assim que vão sendo transportados de praia em praia.


Que venha mais um pontão para reter a areia, porque se não houver areia a ser transportada para ali...pouco importa.

revisto a 8 de Janeiro

5 comentários:

Anónimo disse...

ja para não falar das barragens....

João Guerreiro disse...

Pois...
A Exploração das areias dos rios são apenas uma parte do problema. E sabes disso! Tens,pelo menos, mais as barragens e as dragagens do (neste caso particular), Tejo para que ele se mantenha navegavel.
O nivel do mar tá a subir e o sedimento é menos. Tudo verdade. Mas erosão sempre houve! o Problema é que agora estamos nós, Homem, a ocupar a faixa costeira até às ondas. Niguem diz que a culpa tb é de quem constroi ao lado do mar...

joaosete disse...

Concordo com os comentários e revi o texto.

Obrigado pela participação, que espero que seja contínua.

Nelson Peralta disse...

A edificação de mais um pontão é corrigir um erro com um erro ainda maior.

Os sedimentos como diz deslocam-se para sul nas praias atlênticas portuguesas. Ora a criação de um pontão cria uma nova barreira a que o sedimento rume a sul. Resolvemos o problema junto ao pontão e agravamos a situação a sul. Depois claro vem-me dizer que quer mais um pontão ai, e depois mais um a sul e mais um. Foi o que aconteceu na Quarteira depois da construção de um na Marina de Vilamoura.

A solução passa por desagravar a escassez de sedimento que chega dos rios, e desocupar e proteger as dunas para que a areia movimentada pelo vento e pela deriva litoral continue a existir.

Anónimo disse...

A natureza ira se vingar do homem em breve....