quinta-feira, maio 31, 2007

Um Bilião e Mil Milhões

O termo billion e bilião tem causado alguma confusão e são normalmente empregues de forma errada. Eu cometi este erro num dos últimos posts e chamaram-me a atenção. Deixo aqui um esclarecimento com a esperança que possa ser útil a quem um dia precisar.

Em Portugal um bilião é igual a um milhão de milhões: 1 000 000 000 000 (12 zeros), ou 10^12.

Em Inglês um bilião (one billion) é igual a um milhar de milhões: 1 000 000 000 (9 zeros), ou 10^9.

É portanto incorrecto traduzir-se billion (em Inglês) para bilião (em português de Portugal).

A tradução correcta de one billion deve ser um milhar de milhões.

Por exemplo, quando se diz que o Universo tem cerca de 15 billion of years, a tradução correcta será 15 mil milhões de anos.


Nota: No Brasil "one billion" significa de facto um milhar de milhões (10^9) e escreve-se um bilhão.

Hoje

Fósseis da Guimarota: o retorno de um tesouro a Portugal

PROGRAMA

AUDITÓRIO DO MUSEU GEOLÓGICO
DIA 31 DE MAIO, ÀS 17H 00


17h00 - 17h15: Apresentação
17h15 - 18h00: Conferência com o título: “Guimarota - a window on life in Jurassic times”
Prof. Thomas Martin, da Universidade Livre de Berlim.
18h00 – 19h00: Visita à exibição de exemplares de vertebrados fósseis da jazida da Guimarot
Museu Geológico. Rua Academia das Ciências, Nº 19 - 2º. 1200-003 Lisboa
Tel: 21 346 39 15. Fax: 21 342 46 09.

terça-feira, maio 29, 2007

Quando o improvável acontece!


Uma das grandes dificuldades de qualquer cientista é a de compreender como funcionam os processos que levaram à formação do Universo, do Planeta Terra e da Vida. Talvez a maior dificuldade seja compreender como o nosso Universo (ou Multiverso!) funciona do ponto de vista matemático. Esta dificuldade prende-se em parte com as nossas limitadas capacidades intelectuais.

As probabilidades e o acaso têm sido dos conceitos mais mal compreendidos pelo homem. Ontem quando lia o livro "O Acaso", de Joaquim Marques de Sá (da Gradiva) encontrei um fabuloso exemplo desta situação: Quando o improvável acontece.

Se considerarmos uma experiência aleatória que consiste no lançamento de uma moeda honesta ao ar em que saíram 20 caras (seja 1=cara e 0=coroa), ao observarmos a sequência

1,1,1,1,1,1,1,1,1,1,1,1,1,1,1,1,1,1,1,1,

temos sensação que algo importante aconteceu. Esta sequência é extremamente improvável. Temos a tendência de "achar" que no vigésimo primeiro lançamento a probabilidade de sair coroa é maior. Este "achómetro" denomina-se "falácia do jogador". Noutras situações é grande a tentação de atribuir uma causa mágica a certas sequências altamente organizadas como:

0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,1,1,1,1,1,

ou

0,0,1,1,0,0,1,1,0,0,1,1,0,0,1,1,0,0,1,1.

No entanto estas sequências têm exactamente a mesma probabilidade do que qualquer outra de 20 lançamentos: (1/2)^20 = 0,00000095367.

Se repetirmos a experiência dos 20 lançamentos um milhão de vezes, a esperança de obter tais sequências (ou quaisquer outras) é de n x p = 1000000 x 0,00000095367 ≈ 1!!

Existe elevada certeza de sair em média uma vez tais sequências aparentemente improváveis se repetirmos a experiência um milhão de vezes.

"A conclusão a tirar é que, dado um número suficientemente grande de experiências, o «improvável» acontece: sequências altamente organizadas, aparecimento da vida num planeta ou a nossa própria existência."

Um das razões pelas quais nos custa tanto compreender o aparecimento da vida, a sua complexidade e principalmente a evolução é a de não termos a noção de tempo geológico, cuja unidade é «1 Milhão de Anos». É muito tempo! Se considerarmos a idade do Universo, cerca de 15 mil milhões de anos a probabilidade de um qualquer evento de organização da matéria, por mais improvável que seja, tem uma "probabilidade" praticamente infinita de ocorrer!

Se considerarmos que o nosso Universo tem apenas uma fracção do tempo do Multiverso a que pertencemos então aí as possibilidades tornam-se monstruosas!

Texto adaptado de Joaquim Marques de Sá, em "O Acaso" (Gradiva, Ciência Aberta, nº154).

sexta-feira, maio 25, 2007

Ignorância ou Desinformação!!!

Como já começa a ser tradição grande parte das vezes que vem uma notícia sobre geologia num jornal esta vem cheia de erros. O Público tem-se livrado deste mal. Muitas vezes deixo links neste blog para este jornal por considerar que tem uma qualidade científica razoável. Mas hoje li uma notícia e não pude acreditar no que os meus olhos viram.

A notícia é: "Ota: estudo mostra risco de liquefacção de solos num sismo de grande intensidade" (ver aqui).

Esta notícia de extrema importância, não por se tratar do aeroporto da Ota, mas por tratar de risco sísmico. A notícia tem um erro grave e uma suposição incorrecta.

Comecemos pela suposição:

(...) em caso de sismo de grande intensidade com epicentro na Área Metropolitana de Lisboa, disse hoje a especialista da Protecção Civil Maria Anderson.(...)

Ora, aqui um pequeno reparo, a probabilidade de ocorrer um sismo com epicentro em Lisboa é muito baixa. Não existe nenhuma estrutura geológica conhecida activa que possa gerar esse sismo. Daqui se percebe que a especialista da Protecção Civil poucos conhecimentos tem de geologia ou está muito mal informada, o que é no mínimo vergonhoso. Alguns fenómenos Geológicos naturais são capazes de causar grande destruição, por exemplo os Sismos, Tsunamis, Deslizamentos de Terra e os Vulcões. Devem portanto ser um dos alvos prioritários da Protecção Civil, que deveria ter especialistas nesta matéria. É pena que tenham tão pouca formação nesta nesta área.

Segundo e mais grave:

"(...)O "Estudo dos Cenários Prováveis" equacionou duas hipóteses: a primeira, e menos provável, tomou como referência o sismo de 1755 (epicentro no mar ao largo de Lisboa)(...).

O Grande Sismo de 1755 não teve epicentro no mar ao largo de Lisboa. Inicialmente foi sugerido que o sismo teria tido origem na Falha do Marquês de Pombal, a Sudoeste do Cabo de São Vicente na Margem Algarvia. No entanto cedo se percebeu que esta estrutura era demasiado pequena para gerar um sismo como o de 1755. Hoje em dia pensa-se que o sismo pode ter tido origem na Fallha da Ferradura (onde ocorreu o sismo sentido em Fevereiro deste ano em Lisboa) ou de uma zona de subducção situada sobre o Estreito de Gibraltar. Ambos os locais são no Golfo de Cádis (o bocado de mar entre o Algarve e Marrocos). Esta sim é uma área capaz de gerar grandes sismos por ser uma zona de fronteira entre duas placas tectónicas.

Nunca houve nem haverá um sismo como o de 1755 com epicentro em Lisboa. Simplesmente porque não existe nenhuma estrutura capaz de o gerar.

Esta notícia é grave mas não culpo apenas o Público. Culpo sim o ignorante que forneceu as informações à Protecção Civil e culpo a Protecção Civil. Isto é muito, muito, diria mesmo brutalmente grave. A Protecção Civil, que eu respeito profundamente, não se pode basear em informações erradas. A protecção só pode ser feita se houver conhecimento das causas que põe em risco as pessoas, caso contrário andam a brincar.

Outra hipótese é a de esta informação estar a ser usada politicamente, não é por acaso que ela vem hoje neste jornal, quando toda a oposição tenta desencantar um argumento milagroso para que o Aeroporto não seja construído na Ota. Se assim for é ainda muito mais grave (do que apenas brutalmente grave) pois está-se a brincar com a vida das pessoas. E neste caso culpo jornal por tomar partido nesta desinformação, que vai exactamente contra tudo o que um jornal devia ser.
Façam política rasca à vontade. Eu não tenho nenhuma côr e não visto nenhuma camisola. Mas por favor não metam a Geologia (ainda por cima errada) ao barulho.

Imagens do Spirit revelam que Marte pode ter tido muita água no passado


Um trecho de solo marciano analisado pelo robot Spirit, da Nasa, mostrou ser muito rico em sílica - uma combinação de silício e oxigénio - que pode representar uma das mais fortes evidências de que Marte já teve mais água no passado do que actualmente. Os processos que poderiam ter dado origem a um depósito de sílica tão rico exigem a presença de água.
Mais aqui e aqui

Pegadas comprovam que dinossauros nadavam


"Doze fósseis de pegadas de dinossauro, encontrados num lago a norte de Espanha, são a primeira evidência científica que comprova que alguns dinossauros conseguiam nadar."

in Público, aqui
ver mais aqui

segunda-feira, maio 21, 2007

Para pensarmos

"O IPCC estimou com uma probabilidade superior a 90% que a actividade humana é responsável pelo aquecimento global?

Mesmo que esta probabilidade fosse de apenas 10%, estamos a falar de uma probabilidade muito superior à probabilidade de um terrorista tentar fazer um atentado num voo comercial.
Já viram a histeria e o dinheiro que se gasta na segurança de algo que não ameaça o planeta na sua totalidade e que é altamente improvável?
Se a bitola fosse a mesma para o aquecimento global, obrigar-nos-ia a ficar histérico-paranóicos permanentes e irrecuperáveis."


Texto adaptado de um comentário de Rui Curado da Silva a um post infeliz no De Rerum Natura. (Ver aqui o post e os comentários)
Às vezes choca-me a passividade com que estamos a tratar este problema.

Sumidouro Austral de CO2 enfraquecido

Os cientistas têm evidências de que a capacidade de absorção do CO2 nos oceanos do Hemisfério Sul (um dos maiores sumidouros de CO2 da Terra) está a diminuir a uma razão de 15% por década desde de 1981.

Um redução dos valores da captura do CO2 tem como consequência directa o aumento da concentração deste gás na atmosfera.

“The researchers found that the Southern Ocean is becoming less efficient at absorbing carbon dioxide due to an increase in wind strength over the Ocean, resulting from human-induced climate change” (Dr Paul Fraser, CSIRO Marine and Atmospheric Research).

O artigo foi publicado na revista Science.

Ver notícia aqui e aqui

sábado, maio 19, 2007

Mount St. Helens

Mount St. Helens é um estrato-vulcão activo localizado no NW dos EUA. Este vulcão produziu uma das mais espectaculares e destrutivas erupções de que há registo. Foi no dia 18 de Maio de 1980.

Mais informações aqui

mt st helens eruption

sexta-feira, maio 18, 2007

quinta-feira, maio 17, 2007

Geologia de Campo XXIII

Gabro do Maciço Intrusivo de Sines, cortado por inúmeros filões tardios (mais claros).

Satélites da NASA mostram vasta região de degelo na Antárctida


"Cientistas norte-americanos descobriram que uma vasta área da Antárctida derreteu em 2005, ano em que se registou um aumento considerável das temperaturas de Verão.
De acordo com observações feitas por satélite, a área, com 400 mil quilómetros quadrados, derreteu e voltou a congelar. Os cientistas da agência espacial norte-americana (NASA) acreditam que foi o processo de degelo mais significativo dos últimos 30 anos." (in Público 16/05/2007).
Ver notícia no site da NASA aqui
Imagem: NASA's QuikScat satellite detected extensive areas of snowmelt, shown in yellow and red, in west Antarctica in January 2005. Image credit: NASA/JPL

NASA encontra anel de matéria escura



Uma notícia do Público de online de ontem referia que os "astrónomos da NASA identificaram um gigantesco anel de matéria escura num aglomerado de galáxias, a cinco mil milhões de anos-luz da Terra, com a ajuda do telescópio espacial Hubble." (in Público 17/05/2007)

Segundo o jornal "o anel, com um diâmetro estimado em 2,6 milhões de anos-luz, foi descoberto no aglomerado de galáxias ZwCl0024+1652 e é a maior prova que confirma a existência de matéria escura."
Não diria que se trata de uma prova que confirma a existência de matéria escura, mas sim de uma observação que constitui uma forte evidência da existência deste tipo exótico de matéria. Este assunto é ainda alvo de intensa controvérsia.
Na realidade os cientistas não sabem qual a constituição deste tipo de matéria, que ao contrário da matéria comum conhecida não emite qualquer tipo de radiação, sendo portanto invisível para a maioria dos nossos meios de detecção. A única forma de detectar a matéria escura é através dos seus efeitos gravitacionais sobre a matéria conhecida. No entanto alguns cientistas pensam que a matéria escura (ou negra) pode corresponder a mais de 80% do total de matéria que constitui o nosso Universo.
O estudo foi publicado pela revista "Astrophysical Journal", e refere "que a formação do anel no aglomerado resultou de uma possível colisão entre duas galáxias."
Ver notícia no site da NASA aqui
Crédito da imagem: NASA, ESA, M.J. Jee and H. Ford (Johns Hopkins University)

quarta-feira, maio 16, 2007

Formação de uma Zona de Subducção e geração de uma Cadeia de Montanhas

Com se moveram as Placas Tectónicas desde o Jurássico Superior

Science On a Sphere® is a large visualization system that uses computers and video projectors to display animated data onto the outside of a sphere. Said another way, SOS is an animated globe that can show dynamic, animated images of the atmosphere, oceans, and land of a planet. NOAA primarily uses SOS as an education and outreach tool to describe the environmental processes of Earth.

segunda-feira, maio 14, 2007

O que são dobras?

Um das grandes realizações do século XX foi a elaboração da teoria da Tectónica de Placas. Esta teve por base a teoria da Deriva Continental e o conceito de Alastramento Oceânico.

A Teoria da Tectónica de Placas tem como objectivo explicar como e porquê a Litosfera (Crusta e uma fracção do Manto) se desloca sobre a Astenosfera.

A Litosfera é constituída por diversas "placas", denominadas "Placas Tectónicas" que se deslocam umas em relação às outras. O motor deste movimento é ainda alvo de intensos debate, mas pensa-se que este movimento é causado pelas correntes de convecção do Manto.


As placas ao movimentarem-se entre si causam a deformação das rochas presentes nas zonas junto às suas fronteiras. Esta deformação pode ser frágil (falhas) ou dúctil (dobras). As dobras formam-se geralmente em zonas mais profundas da litosfera, onde a temperatura é mais elevada, potenciando a deformação dúctil das rochas. A disciplina que estuda a deformação causada pela a interacção das placas tectónicas é a Geologia Estrutural.
As dobras são de extrema importância para a geologia porque permite estudar a história da Tectónica de Placas, isto é permite obter informações acerca de placas antigas que já não existem actualmente e das suas interacções.

Algumas dobras que encontrei na net













Cientistas criam enciclopédia online de espécies vivas

Encontrei esta notícia via "Rastos de Luz". Eis mais uma ferramenta online a partir de 2008 para quem tem sede de conhecimento..

"A «Enciclopédia da Vida», que é como se chamará, tem por objectivo reunir informação básica, fotografias, mapas e inclusivamente sons dos 1,8 milhões de espécies vivas do Planeta conhecidas actualmente.

Trata-se de uma extensa base de dados com uma curiosa particularidade: o conceito «wiki» em que se baseia." (in Diário Digital)

"Acho este projecto interessante e muito importante num conhecimento cada vez maior do que nos rodeia, que por sua vez pode ser uma das chaves para despoletar um novo tipo de pensamento e consciência sobre o que nos rodeia…nos tempos que correm, nos perigos que espreitam, até que ponto o conceito de biodiversidade é preponderante sobre o conceito de humanidade?" (in Rastos de Luz)

Estamos de facto a entrar numa nova era do conhecimento... É a globalização do conhecimento.. Quem sabe se agirmos de forma informada, global e inteligente isso não será bom para a Humanidade e para o Planeta.. ?

sábado, maio 12, 2007

“O binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo. O que há é pouca gente a dar por isso”.

Álvaro de Campos


sexta-feira, maio 11, 2007

Marte - Image of frost at the Viking 2 landing site


Natureza: biodiversidade e geodiversidade

Artigo do Professor Galopim de Carvalho no Público



Natureza: biodiversidade e geodiversidade

A reestruturação do ICN poderia ter sido feita sem mudar o nome original, sintético, coerente, expressivo e mais correcto.

O Presidente da República encorajou, no seu discurso do 25 de Abril, os jovens a não se resignarem. Já não sou jovem, mas escrevo porque não me resigno com a mudança de nome do Instituto da Conservação da Natureza (ICN) para Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) estabelecida pelo Decreto-Lei n.º 136/07. Biodiversidade é uma forma de dizer, numa só palavra, diversidade biológica, ou seja, o conjunto dos seres vivos. É, para muitos, a parte mais visível da natureza, mas não é, seguramente, a mais importante. Outra parte, com idêntica importância, é a geodiversidade, sendo esta entendida como o conjunto das rochas, dos minerais e das suas expressões no subsolo e nas paisagens.No meu tempo de escola ainda se aprendia que a natureza abarcava três reinos: o reino animal, o reino vegetal e o reino mineral. A biodiversidade abrange os dois primeiros, e a geodiversidade o terceiro. Estando assente, e bem, que biodiversidade é parte integrante da natureza, a designação agora decretada para este importante organismo do Estado é, no mínimo, desnecessária e redundante. Esta redundância vem de trás. Ficou consagrada em 2001 na Estratégia Nacional para a Conservação da Natureza e da Biodiversidade, na sequência da Convenção sobre a Diversidade Biológica (Conferência do Rio, 1992). O nome vem daí, mas custa-me a crer que, num organismo onde trabalham mais de quarenta biólogos e uma quinzena de arquitectos paisagistas, ninguém tenha chamado a atenção do legislador para esta aparente ingenuidade que, cientificamente, raia o ridículo - a menos que alguém me explique aquilo que me parece inexplicável. Está fora de causa qualquer juízo crítico à reestruturação deste instituto, mas ela poderia ter sido feita sem mudar o nome original, que era sintético, coerente, expressivo e, por isso, mais correcto.


Retirar a biodiversidade da natureza é o mesmo que retirar o sobreiro do conjunto das árvores, o bacalhau do dos peixes, o papagaio do das aves, os morcegos do dos mamíferos, os jornais do da comunicação social e por aí adiante, num nunca mais acabar de exemplos disparatados. Ao enfatizar a componente biológica, a nova designação do ex-ICN torna mais evidente a subestima que, lamentavelmente, a nossa administração tem manifestado pelos valores da geologia. Como se a paisagem e a civilização não dependessem do substrato geológico.


Os governantes deveriam estar mais elucidados sobre o papel da geodiversidade na civilização moderna, na prospecção e exploração das matérias-primas metálicas e não metálicas, dos combustíveis fósseis e nucleares, das águas subterrâneas, para não falar no conhecimento dos riscos sísmico e vulcânico ou no dos terrenos sobre os quais se edificam barragens, pontes e outras grandes obras de engenharia. É que, apesar de na quinta das 10 opções estratégicas aprovadas em 2001 se propor "desenvolver em todo o território nacional acções específicas de conservação e gestão de espécies e habitats, bem como de salvaguarda e valorização do património paisagístico e dos elementos notáveis do património geológico, geomorfológico e palentológico", nem o decreto-lei que lhe deu seguimento, nem a Portaria n.º 530/07, que lhe fixa os estatutos, têm um artigo, uma alínea, uma palavra referente à componente geológica da natureza. Mas tem meia centena de referências à biodiversidade. Esta pouquíssima importância dada à geodiversidade por este instituto fica, aliás, bem demonstrada pelo número de geólogos que ali trabalham, menos do que os dedos de uma mão entre 180 técnicos superiores. Que país é este que tem na geodiversidade (mármores, granitos, cobre, zinco, volfrâmio, estanho) a maior fonte de riqueza e a subestima na instituição que seria suposto zelar por ela? É o mesmo país que extinguiu, em 2003, o Instituto Geológico e Mineiro. Valha-nos Santa Bárbara!

A. M. Galopim de Carvalho

Geólogo

in Público (5/Maio/2007)

quinta-feira, maio 10, 2007

Stephen Hawking em gravidade zero.

Um grande Homem detentor de uma coragem infinita..

Crédito do vídeo: Reuters

quarta-feira, maio 09, 2007

A explosão da SN2006gy detectada pelo telescópio Chandra


A Nasa obteve imagens de uma explosão estelar centenas de vezes superior à de uma supernova típica. Para produzir esta explosão a estrela deveria ter cerca de 150 a massa do Sol, muito mais do que se suspeitava que uma estrela poderia ter. Os cientistas pensam que esta estrela poderia fazer parte de uma primeira geração de estrelas que já praticamente se extinguiu.


As supernovas ocorrem quando uma estrela esgota o seu combustível e colapsa sobre a sua própria gravidade. Depois, com a continuação das reacções termonucleares, a explosão da estrela pode ocorrer e gerar uma supernova.

Ler mais sobre esta notícia: aqui, aqui e aqui.
Ler mais sobre supernovas: aqui (In) e aqui (Por)

terça-feira, maio 08, 2007

Campanha oceanográfica vai estudar fundo do mar dos Açores


"Entre 15 de Maio e meados de Junho, uma equipa de investigadores portugueses vai estudar o fundo do mar dos Açores, no âmbito da proposta de extensão da soberania náutica além das 200 milhas náuticas que deverá ser entregue às Nações Unidas até 13 de Maio de 2009."

Notícia completa aqui (in Público)

segunda-feira, maio 07, 2007

Jean-Pierre Burg na Faculdade de Ciências

Conferência do GeoFCUL

Continental Collision: The Himalayan Reference
Jean-Pierre Burg
Professor ETH-Zurich, Switzerland

Dia 10 de Maio de 2007, 16h no Anfiteatro 6.2.53 (C6)

Alguns pensamentos sobre ciência


"The aim of science is not to open the door to infinite wisdom, but to set a limit to infinite error." Bertolt Brecht

"The saddest aspect of life right now is that science gathers knowledge faster than society gathers wisdom." Isaac Asimov

"The whole of science is nothing more than a refinement of everyday thinking." Albert Einstein

"Science may have found a cure for most evils; but, it has found no remedy for the worst of them all—the apathy of human beings." Helen Keller

Deus é Amor?

Um excelente post no Blog "Que Treta", link aqui. Ludwig Krippahl é sem dúvida uma das pessoas que melhor escreve na blogoesfera nacional.

sexta-feira, maio 04, 2007

Geologia de Campo XXII


Dobra em Baínha vista em secção transversal. Cap de Creus, Catalunha, Espanha.

Deslizamento no japão

Deslizamento (Landslide)




O deslizamento (slide) define-se como um movimento de solo ou rocha que ocorre dominantemente ao longo de planos de rotura ou de zonas relativamente estreitas, alvo de intensa deformação tangencial. A massa deslocada durante o movimento permanece em contacto com o material subjacente não afectado, apresentando graus de deformação bastante variáveis, consoante o tipo de deslizamento.

Estes movimentos, activados quando a resistência ao corte dos terrenos é ultrapassada pela tensão cisalhante a que os materiais estão sujeitos na vertente, apresentam frequentemente estrias ao longo do plano de rotura e nos flancos, indicadoras da direcção de deslocamento.

Os deslizamentos subdividem-se em subtipos. O tipo de rotura, bem como a natureza do material afectado, constituem os critérios fundamentais para essa divisão.

Embora a acção da gravidade sobre encostas demasiado inclinadas seja a principal causa dos deslizamentos de terra, existem outros factores em acção:

- A erosão pelos rios, glaciares ou ondas oceânicas cria encostas demasiado inclinadas
- As encostas de rocha e solo são enfraquecidas por via da saturação com água proveniente do degelo ou de grandes chuvas
- Sismos criam tensões que levam à falência de encostas frágeis
- Erupções vulcânicas produzem depósitos de cinzas soltas, chuvas fortes e fluxos de detritos
- Maquinaria, o tráfego, explosões e mesmo trovões causam vibrações que podem accionar a falência de encostas frágeis
- O excesso de peso por acumulação de chuva ou neve, deposição de rochas ou minérios, pilhas de resíduos ou criado por estruturas feitas pelo homem podem também acumular tensões sobre encostas frágeis até à sua falência.


La Conchita, Califórnia
El Salvador, in 2001


Ver mais aqui e aqui
Fonte: Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos e Wikipédia

quarta-feira, maio 02, 2007

Mais Júpiter, Io e companhia


A NASA continua a brindar-nos com fabulosas fotos de Júpiter e das suas Luas tiradas pela sonda New Horizons, como a montagem acima da actividade vulcânica em Io ou a foto mais detalhada de sempre da famosa mancha vermelha de Júpiter abaixo.


Muito mais fotos e informação no site da New Horizons.

Cientista norte-americano diz que Árctico está a derreter mais rápido do que as previsões da ONU

1979 - 2005


"O glaciologista norte-americano Ted Scambos alertou hoje que o degelo do Árctico leva já 30 anos de avanço sobre as previsões do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC).


Isto significa que, durante o Verão, o oceano árctico pode ficar livre ou quase livre de gelo já em 2020, três décadas mais cedo do que as piores previsões do IPCC, que apontavam para 2050. (...)"



Ver notícia completa aqui (in Público)