sábado, março 31, 2007

Oxidação de pirites: meteorização e efeito antropogénico.

Praticamente todos os geólogos portugueses visitaram alguma vez, durante o seu percurso profissional, minas da Faixa Piritosa Ibérica. Semelhantes visitas centram-se de forma invariável nos aspectos geológicos inerentes à génese e evolução dos jazigos de sulfuretos maciços vulcanogénicos. O capítulo da exploração mineira é também pólo de atracção, sobretudo no âmbito dos métodos de modelação, gestão e exploração de recursos. No entanto, as questões ambientais associadas a essas actividadas extractivas são quase sempre abordadas de forma muito superficial, ou simplesmente ignoradas. É propósito deste texto divulgar um processo de meteorização química de importante impacto ambiental na qualidade das águas naturais, que é potenciado pela indústria extractiva de sulfuretos.

Mina de S. Domingos (Beja)

A pirite (FeS2) é um sulfureto de ferro que oxida ao entrar em contacto com a atmosfera. Este processo de oxidação é complexo e compreende muitas reacções intermédias, mas no final obtém-se sempre uma dissolução de elevada acidez rica em ião sulfato e um precipitado praticamente insolúvel de hidróxido de ferro (3+). Para além do ferro, o enxofre também sofre oxidação, passando do estado -1 para +6. O oxidante receptor de electrões é, obviamente, o oxigénio atmosférico. Resta acrescentar que esta reacção é muito lenta (o processo de meteorização química mais rápido é a hidrólise ácida) e é acelerada mediante a intervenção de bactérias que funcionam como catalizadores. Estes organismos utilizam a energia libertada durante o processo de oxidação (é exotérmico) nas suas funções metabólicas. Assim se formam águas ácidas em minas de sulfuretos. Até aqui, nada de novo.


Qual é, então, o perigo de saúde resultante da acidificação antropogénica de águas naturais?


Para melhor responder a esta questão, calculemos a distribuição de espécies com alumínio para uma dissolução aquosa em equilíbrio com a gibbsite (Al(OH3)) em função do pH, a 25º C e 1 atm:



Como se pode observar, a pH inferior a 4, a importância da espécie altamente tóxica Al3+ aumenta dramaticamente. A solubilidade da gibbsite pode ser considerada desprezável a pHs entre 5 e 9, aumentando de forma notória a pHs francamente ácidos. Este hidróxido de alumínio é o produto de alteração da caulinite, que por sua vez é produto de alteração das plagioclases, podendo haver formação intermédia de esmectites. As plagioclases são os minerais mais abundantes na crosta continental e, caso as condições ambientais sejam favoráveis, a sua alteração pode progredir até à solubilização da espécie Al3+ em concentrações perigosamente elevadas, constituindo um grave problema de saúde pública.

http://www.webmineral.com/ (informações gerais sobre minerais referidos no texto)

http://wwwbrr.cr.usgs.gov/projects/GWC_coupled/phreeqc/ (site da USGS onde se pode descarregar gratuitamente o código de modelação geoquímica PHREEQC, com o qual se efectuaram os cálculos da modelação acima descrita)



sexta-feira, março 30, 2007

Those pesky scientific facts


Sempre que surgem nos media supostas controvérsias científicas como o aquecimento global ou a guerra entre Evolução e Intelligent Design lembro-me deste cartoon do Doonesbury que explica a estratégia daqueles que querem promover a sua hipótese apesar de saberem que ela não se aguenta lá muito bem o escrútinio pelos seus pares.
Vai dar sempre ao mesmo: "É tudo muito controverso, na realidade sabemos muito pouco acerca do assunto portanto as duas hipóteses estão em pé de igualdade. Não acreditam? Vão lá ver ao Google? "

Nature Geoscience


A Nature, uma das mais reputadas publicações de ciência, prepara-se para lançar em 2008 uma revista mensal dedicada em exclusivo às Geociências.
Já estava na altura da Geology começar a ter alguma concorrência.

Via ...Or Something.

quinta-feira, março 29, 2007

Ciência Hoje?

Depois da FCUL ter apanhado pancada à grande e à francesa por ter recebido um criacionista num colóquio de Filosofia da Ciência, é agora a vez do Ciência Hoje publicar uma coluna de opinião do mesmo ilustre criacionista (que, como é óbvio, nem cientista é...) sobre o naturalismo que conduz inevitavelmente (e na opinião deste senhor, erradamente) a coisas como a Evolução e a Tectónica de Placas, tristemente incompatíveis com uma leitura literal do Génesis, não tendo qualquer consideração por mistico-mágicas explicações sobrenaturais para as observações efectuadas. E ainda bem, senão a esta hora não tínhamos boletins meteorológicos para saber como ia estar o tempo nos próximos dias, nem nada que necessitasse de electricidade, entre outras coisas que em outros tempos tiveram bonitas explicações sobrenaturais.
Se a linha editorial do Ciência Hoje se mantiver, esperamos ansiosamente um texto da astróloga Maya sobre a influência dos astros nas cores das roupas que decidimos usar.

quarta-feira, março 28, 2007

Geologia de Campo (XIX)

Cascata na sequência de escoadas lávicas intruídas por soleiras da ilha de Skye, Escócia, Reino Unido.

Como é que você pode controlar a mudança do clima?

CHANGE



As alterações climáticas são um problema global e, no entanto, cada um de nós pode fazer a diferença. Mesmo as mais pequenas alterações na nossa rotina diária podem ajudar a evitar as emissões de gases de efeito de estufa sem afectar a nossa qualidade de vida. Na realidade, podem até representar uma poupança de dinheiro.
"Devemos alterar o nosso comportamento e aprender a utilizar menos energia e a produzir menos poluição. Se cada um de nós actuar imediatamente, pode fazer-se enormes progressos." Emma Thompson, actriz, Abril de 2006
Ver aqui o que podemos fazer.

O aquecimento global vai criar zonas climáticas


"O aquecimento global pode criar zonas climáticas como nunca antes existiram na Terra, diz uma equipa de cientistas norte-americanos que estudou a evolução até 2100 de dois cenários delineados no último relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas."

"Os novos climas do século XXI podem promover a formação de novas associações entre espécies e outras surpresas ecológicas, enquanto o desaparecimento de outros climas aumentará o risco de extinção de espécies de distribuição geográfica ou climática estreita."

"A nossa análise mostra que é muito mais provável que as zonas climáticas se alterem no cenário de maior aumento da temperatura média. Por isso, diria que apresentamos argumentos fortes para dar prioridade à redução das emissões de dióxido de carbono, antes de investir em soluções de conservação das espécies baseadas na adaptação às alterações climáticas." Até porque a única coisa certa é que haverá surpresas: "Termos de lidar com climas completamente diferentes do que já experimentamos torna difícil fazer planos para o futuro."

Notícia completa: aqui

Maior parque solar do mundo


Vai ser hoje inaugurado em Serpa, Portugal, o maior parque solar do mundo. "São 52 mil painéis fotovoltaicos, com uma potência total de 11 megawatts (MW), que transformarão a radiação solar em electricidade suficiente para suprir o consumo de oito mil pessoas."

Portugal é um país com enorme potencial na produção de energias limpas. Temos vento, ondas e muita radiação solar, para além dos rios. Pessoalmente sou contra a construção de barragens. Primeiro por destruiram o ciclo geológico natural, e segundo por serem produtoras de CO2, proveniente da matéria orgânica em decomposição (estes estudos são praticamente inexistentes em Portugal).

Numa situação como a actual, em que ninguém sabe muito bem como será o clima daqui a 50 anos, a construção deste parque solar é de louvar. Esperemos que se continue por este caminho.


Fonte: Público

terça-feira, março 27, 2007

A Terra e a Lua...



A Lua gira em volta da Terra. A Terra gira em volta da Lua. Ambas giram uma em torno da outra. Este facto parece um pouco estranho, pois a nossa intuição, ou o que aprendemos nos primeiros anos da escola, diz-nos que a Terra gira em torno do Sol e que a Lua gira em torno da Terra. De facto a Terra e a Lua giram em torno de um centro de gravidade comum, onde cada um dos corpos estão localizados em lados opostos relativamente ao centro. No entanto a Terra é muito mais maciça do que a Lua, pelo que esse centro de massa se encontra muito mais perto da Terra do que da Lua. Tão próximo que podemos considerar que é apenas a Lua que gira em torno da Terra.

O centro de gravidade do sistema Terra/Lua encontra-se 81,3 vezes mais próximo do centro da Terra do que do centro da Lua. Este centro de gravidade está localizado a cerca de 4700 quilómetros do centro da Terra. Ou seja, encontra-se a 1600 quilómetros abaixo da superfície da Terra.



A Terra não se mantém imóvel, para além do seu movimento de translação e rotação. Ela descreve também uma pequena circunferência em torno do centro de gravidade do sistema Terra/Lua sendo que o centro da Terra encontra-se sempre do lado do centro de gravidade mais afastado da Lua.
Bibliografia: Guia da Terra e do Espaço, Isaac Asimov

segunda-feira, março 26, 2007

Algumas curiosidades planetárias


Na antiguidade, quando ainda se pensava que o nosso planeta era plano, os antigos viam o céu como uma espécie de tampa semiesférica, que se unia com a Terra no horizonte.
Quando se começou a suspeitar de que a Terra era uma esfera, o céu foi reinterpretado como sendo a parte interna de uma esfera ainda maior que englobava a Terra. Em ambos os casos pensava-se tratar-se de uma cobertura sólida. Daí vem o termo firmamento, sendo que o prefixo firm- significa sólido ou firme. Ora, mas se o céu fosse firme então todos os corpos aí existentes deveriam mover-se solidariamente. Mas será que isto acontece deste modo?
Os Gregos, os Babilónios e os Egípcios eram grandes admiradores da abóbada celeste. Uns por questões práticas, utilizando-a como orientação para a navegação, outros por questões mais metafísicas. Muitos acreditavam que se podiam ler o futuro nas estrelas. (É interessante constatar que alguns milhares de anos depois ainda existem pessoas neste nível. Mais interessante ainda é que até aparecem na televisão!).
Estes povos perceberam que praticamente todos os objectos do firmamento descreviam um círculo em torno da Estrela Polar. Estes foram denominadas de estrelas fixas (existem cerca de 6000 destas estrelas visíveis à noite). Existem contudo 7 objectos que não se deslocam em conformidade com as estrelas fixas. Dois deles são obviamente a Lua e Sul, mas no entanto, existem 5 objectos em tudo semelhantes a estrelas e que não ocupam posições fixas no céu. Os Sumérios acharam estes objectos tão estranhos que resolveram atribuir-lhes nomes de deuses. Costume também adoptado pelos Gregos e pelos Romanos. Ainda hoje se mantém esta tradição, sendo os objectos semelhantes a estrelas denominados de Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno. Estes corpos foram designados de planetas, do termo grego que significa errar ou vaguear.
Estes objectos eram tão místicos para os nossos antepassados que a semana de sete dias foi inventada pelos babilónios em honra a estes sete planetas (nesta altura o Sol e a Lua também eram considerados planetas). Ainda hoje em muitos idiomas europeus os dias da semana são designados de acordo com os nomes dos planetas. Em inglês temos Sunday (dia do Sol), Monday (dia da Lua) e Saturday (dia de Saturno). Também na língua francesa mardi (dia de Marte), mercredi (dia de Mercúrio), jeudi (dia de Júpiter) e vendredi (dia de Vénus). Os Hebreus adoptaram a semana dos Babilónios e tentaram dar-lhe um cunho religioso nos primeiros dois livros do Génesis, mas os nomes continuaram a mostrar a sua origem pagã.
Bibliografia: Guia da Terra e do Espaço, Isaac Asimov.

sábado, março 24, 2007

Tectónica de Placas

Evolução da distribuição das massas continentais nos últimos 750 milhões de anos. Retirado daqui.

A modelar o planeta há pelo menos 3.8 mil milhões de anos. Pelo menos é o que dizem estes senhores num artigo poublicado ontem na Science.

Notícia via Público.


Mais informações aqui e mais animações e imagens aqui e aqui.

sexta-feira, março 23, 2007

Geologia de Campo (XVIII)

Conjunto de filões relacionados com a intrusão de Sintra formando um X. Praia do Abano, Cascais.

quinta-feira, março 22, 2007

Um criacionista na Faculdade de Ciências


Ontem, no aparentemente infame Colóquio realizado na FCUL, Jónatas Machado deu, perante uma assistência maioritariamente constituída por cientistas, o seu show criacionista.

O programa do espectáculo consistia em primeiro rejeitar as regras da Ciência para depois demonstrar que esta, quando aplicada ao estudo da Vida, chegava a uma conclusão falaciosa porque da interpretação naturalista da Vida só pode resultar a teoria da Evolução. Isto constitui na visão deste senhor um argumento circular e um óbvia falácia e um caso exemplar de, nas palavras do próprio, trash in – trash out.

Pena que Jónatas Machado não tenha aplicado este raciocínio à interpretação Criacionista do mundo, essa sim, o argumento circular perfeito e um dos exemplos mais utilizados para descrever a falácia do argumento circular. É caso para dizer que se trata simplesmente de God in – God out.

Contudo, é curioso que o Criacionismo, apesar de rejeitar as regras da Ciência, procure tão persistentemente disfarçar-se de teoria cientifica, como que sugerindo que estas são necessárias para legitimar e validar as crenças religiosas, como uma interveniente sugeriu durante o debate final do colóquio.

Depois seguiu-se uma catadupa de questões a que a Ciência ainda não respondeu ou para a qual não existe ainda uma resposta consensual. Enfim, nada mais que os eternos pontos de interrogação que os criacionistas tanto gostam de transformar em divindade.

È claro que isto veio misturado com uma série de outras questões cuja resposta é conhecida e aceite, embora ainda se discutam alguns pormenores. Como a origem dos oceanos, que dá muito jeito rotular como desconhecida, principalmente se se estiver a pensar em arranjar uma maneira ligeiramente menos estapafúrdia de se meter um dilúvio e uma arca ao barulho para explicar a história do planeta e da vida nele contida.

Nos últimos minutos da sua intervenção, Jónatas Machado declarou que a evolução era cruel e ineficiente quando comparada com a criação perfeita um Deus omnisciente, omnipresente e benevolente (excepto naquele dia em Sodoma e Gomorra, mas dias maus temos todos…). Aparentemente os criacionistas vivem num mundo de eterna Primavera em que os passarinhos cantam, as abelhas polinizam lindas flores e os casais de animaizinhos aguardam em paz o nascimento das suas crias, alheios à existência de presas e predadores, de competição inter e intra populações, do canibalismo e de toda uma gama de catástrofes naturais que ocorrem quase diariamente por este mundo fora.

Posto isto, o orador saiu cedo evitando grandes confrontos com as suas afirmações (fora aquelas proferidas nas palestras que antecederam a sua) e remetendo para sites de supostos cientistas criacionistas. Não se pode dizer que se tenha perdido grande coisa…

Geologia de Campo (XVII)

Quartzitos na Serra do Marão, dobrados.

quarta-feira, março 21, 2007

Altamente recomendada

A leitura deste post de Palmira F. da Silva sobre as origens do Criacionismo moderno. E do resto do De Rerum Natura também.

Marte: água suficiente para cobrir a superfície do planeta

Espessura dos depósitos de gelo estratificados no pólo sul de Marte
Novos dados obtidos através de um radar construído pela NASA e pela Italian Space Agency, instalado a bordo do engenho espacial European Space Agency's Mars Express, revelou a existência extensiva de gelo de água (H2O no estado sólido) na região do pólo sul de Marte. Esta região contém água suficiente para cobrir a totalidade da superfície do planeta com uma espessura aproximada de 11 metros.

Estas estimativas foram elaboradas após a medição da espessura do gelo, que se encontra estratificado. O radar permitiu inclusivamente detectar a base desta unidade, que se encontra a a cerca de 3,7 km de profundidade.

A existencia de níveis de água nas regiões polares de Marte é mais um dado a favor da conjectura de que o Planeta já possuiu água liquida no passado. Este facto é muito importante pois todas a formas de vida conhecidas dependem da água liquida. Pensa-se que a água também tem um papel fundamental na tectónica de placas, e que esta pode por sua vez ter um papel fundamental na evolução da Vida na Terra. Será que o mesmo se passou com Marte? Qual o futuro daquele gelo? Poderá Marte vir a ter água líquida no futuro?

Crédito: NASA/JPL-Caltech. Ver original informação original aqui.

terça-feira, março 20, 2007

Colorado

Há sitios que não podiam ter outro nome.

segunda-feira, março 19, 2007

La Cueva de los Cristales


Na mina zinco, prata e chumbo de Naica situada na província de Chihuahua no México, descobriu-se em 2000, durante a escavação de um túnel, uma gruta repleta de cristais de gesso (selenite) com dimensões que podem atingir os 2 metros de diâmetro por 10 de comprimento.
Estes cristais precipiraram lentamente numa gruta formada pela dissolução do calcário através da acção de fluidos ácidos, ricos em enxofre. Estes fluidos preencheram a cavidade e entraram em contacto com outros provenientes da superfície ricos em oxigénio que oxidaram o enxofre e deram origem à precipitação lenta de gesso que permitiu a formação destes gigantes.


O único entrave à exploração (e à existência de mais fotos incríveis) desta gruta é o facto de se encontrar a temperaturas próximas dos 50ºC e ter uma taxa de humidade de 100%, o que a torna numa sauna natural a trezentos metros de profundidade onde a permanência prolongada sem o equipamento adequado pode causar a morte, deixando uma pessoa practicamente "cozida".

Mas isto não impediu o grupo italiano "La Venta" a inventar uma técnica que permitisse a permanência nas grutas, levando a cabo a sua exploração e a realização de um documentário rodado já no início deste ano.

Trailer do documentário aqui.
Mais informações sobre a descoberta e formação destas geodes de gesso gigantescas aqui, aqui e aqui.
Fotos aqui e aqui.

Vulcões Alienígenas

Erupções vulcanicas em Io. Fotografada pela New Horizons em Feb. 28, 2007(aqui).

Io é uma lua de Júpiter. O intenso campo gravitacional deste gigante gasoso provoca na sua lua um forte efeito de maré. Este efeito pode fazer a superfície de Io, constituída por crusta sólida, elevar-se e contrair-se cerca de 30 metros. É este fenomeno de contracção e expansão que faz com que Io possua um interior quente e fluido e em consequência exista actividade vulcânica. A energia cinética do efeito de maré é convertida em calor. (ver animação)


domingo, março 18, 2007

O Inverno já não é o que era



Ao que parece, os três meses que correspondem ao Inverno metereológico (Dezembro, Janeiro e Fevereiro) que agora passou foram os mais quentes de sempre a nível global, quem o diz é a NOOA.
A culpa desta anomalia é atribuída tanto ao aquecimento global antropogénico como à prevalência de uma anomalia positiva nas temperaturas superfíciais das águas do Pacífico Equatorial conhecida por El Niño, que apenas se começou a dissipar durante Fevereiro. Contudo, este El Niño foi de uma intensidade bem mais reduzida que o de 1997-1998 responsável pelo anterior máximo de temperaturas invernais.
Agora as águas do Pacífico parecem estar a anunciar a vinda de uma condição inversa, conhecida por La Niña que potencia a formação de furacões no Atlântico e padrões de precipitação e temperaturas contrárias às vigentes durante o El Niño.
É de salientar também que estas temperaturas recorde ocorrem ao mesmo tempo em que a actividade solar se encontra em valores mínimos, que ocorrem ciclicamente de 11 em 11 anos sendo que isto invalida o argumento de que o Sol é o maior e único motor das alterações climáticas no nosso pontinho azul.

Descobertas cavernas em Marte

Espeleologos deste mundo preparem-se para a vossa primeira descida a uma gruta extra-terrestre.
Novas imagens da superfície marciana revelaram a existência de buracos na mesma, resultantes do colapso de aberturas subterrâneas com cerca de 80 metros de profundidade, um pouco à semelhança do buraco da Guatemala, com a diferença destas grutas serem de origem vulcânica (como o Algar do Carvão, na ilha Terceira, Açores) em vez de resultarem da dissolução de calcários.
Aparentemente estes sitios serão importantes caso se realize uma missão tripulada a Marte pois poderão fornecer abrigo de chuvas de micro meteoritos, radiação ultravioleta e das particulas e radiação libertadas por explosões solares. Tudo isto para além da possibilidade remota de poderem conter água em estado sólido no seu interior.
Portanto, comecem a pensar em equipamento para explorar grutas num ambiente estranho, com uma atracção gravítica mais reduzida e uma atmosfera extremamente rarefeita.

Notícia via Nature.

sexta-feira, março 16, 2007

Vulcanólogo Steven Self dá palestra na FCUL


Steven Self, vulcanólogo da Open University no Reino Unido vai passar na próxima segunda feira dia 19 de Março às 12h00 pela sala 6.2.53 do Edifício C6 nas instalações do Campo Grande da Faculdade de Ciências da Universdade de Lisboa.
O tema da palestra são os efeitos ambientais das super erupções explosivas como a do Pinatubo em 1991 (nas fotos) ou as desencadeadas por supervulcões. O autor tem desenvolvido um trabalho extenso nessa área, tendo sido consultor da BBC em vários documentários entre os quais o já referido Supervolcano e outro sobre erupções fissurais na Islândia.
Mais informações sobre este tema aqui.


Geologia de Campo (XVI)

Dobra no soco Paleozóico da cadeia Bética, Região de Almeria, Espanha.

quinta-feira, março 15, 2007

Eclipse Lunar

Aqui fica uma imagem do eclipse da Lua que ocorreu no passado dia 4 de Março de 2007.


Crédito: Mário Ramos (Clube Astronómico 2000/Instituto Geográfico do Exército); Telescópio: Celestron C14 (IGeoE); Instrumento: Câmara Digital Canon 300D.



Um eclipse é um fenómeno que ocorre quando o Sol, a Terra e a Lua se encontram alinhados. Se este fenómeno ocorrer durante a fase da Lua cheia, quando a Lua passa pela sombra da Terra, ele é denominado eclipse da Lua, ou eclipse lunar. O tipo e a duração do eclipse lunar depende da localização da Lua em relação à sua órbita



Tipos de eclipses lunares

Um eclipse de penumbra ocorre quando a Lua apenas passa através da penumbra da Terra, a porção externa da sombra terreste. A penumbra não provoca um escurecimento perceptível da superfície da Lua.

Um eclipse lunar total ocorre quando a Lua atravessa completamente o interior da umbra da Terra, a parte interna da sombra. A velocidade da Lua através da sombra é cerca de um quilómetro por segundo, e um eclipse total pode durar até 102 minutos (1h e 42min). O período decorrido a partir do momento em que a Lua tem o primeiro contacto com a umbra da Terra até o momento em que a abandona totalmente, por outro lado, pode durar várias horas. Se apenas parte da Lua entra na umbra, o eclipse é chamado de eclipse parcial.



Próximos Eclipses:

28 de Agosto de 2007; Total, Asia, Austrália, Pacifico, Americas;
21 de Fevereiro de 2008; Total, Pacifico, Americas, Europa, Africa;
16 de Agosto de 2008; Parcial, America do Sul, Europa, Africa, Asia, Austrália;
9 de Fevereiro de 2009; Penumbra, Europa, Asia, Austrália, Pacifico;
7 de Julho de 2009; Penumbra, Austrália, Pacifico, Americas;
6 de Agosto de 2009; Penumbra, Americas, Europa, Africa, Asia;
31 de Dezembro de 2009; Parcial, Europa, Africa, Asia, Austrália;
26 de Julho de 2010; Parcial, Asia, Austrália, Pacifico, Americas;
21 de Dezembro de 2010; Total, Asia, Austrália, Pacifico, Americas, Europa.



Eclipse Lunar e Eclipse Solar


Bibliografia: Wikipédia e Portal do Astrónomo.

Um pequeno ponto azul no espaço


Crédito: NASA Goddard Space Flight Center, Reto Stöckli & Robert Simmon; MODIS Land Group; MODIS Science Data Support Team; MODIS Atmosphere Group; MODIS Ocean Group: USGS EROS Data Center; USGS Terrestrial Remote Sensing Flagstaff Field Center, DMSP.
Um pequeno ponto azul no espaço. A viajar a 108 000 km/h pela imensidão do Universo. Situado a cerca de 150 milhões de quilómetros do Sol, possui um diâmetro de 12756 km, sendo pouco maior que o planeta Vénus. A sua atmosfera é composta essencialmente por azoto (78%) e oxigénio (21%). É o único local do Universo onde sabemos haver vida. É o local onde todos os nossos antepassados nasceram, viveram e morreram. Onde todas as figuras históricas que conhecemos representaram os seus papéis. Onde todas as guerras e batalhas ocorreram. Todos os grandes feitos da Humanidade tiveram lugar aqui ou na sua imediata vizinhança. Tudo o que ocorreu, todos os que conhecemos, tudo concentrado num pequeno ponto azul no espaço. É a Terra, o nosso planeta, a nossa casa.

terça-feira, março 13, 2007

Colóquio que põe frente a frente Criacionistas e Darwinistas na FCUL

As recentes notícias sobre a hipotética abertura de um parque temático em Mafra destinado a promover o Criacionismo como teoria científica concorrente da teoria da Evolução vieram por na ordem do dia o debate entre cientistas defensores da evolução e de uma Terra antiga e (principalmente) Cristãos Evangélicos fundamentalistas defensores da criação divina numa Terra recente (aí com uns 6000 anos, mais coisa menos coisa).
A Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa propõe então um colóquio denominado: Darwinismo versus Criacionismo. Onde começa e onde acaba uma teoria científica? a realizar no próximo dia 21 de Março de 2007, das 14h às 20h no Edifício C6, 1º piso, Anfiteatro 36 das suas instalações no Campo Grande.
Eu vou tentar arranjar tempo para la dar um saltinho e aviso desde já que estou do lado do senhor das barbas, que para mal dos seus pecados não era omnisciente nem omnipotente, o que o impediu de forjar uma teoria perfeita.

Horários, programa e leitura adicional aqui.

Alguns números

A Terra viaja a 107000 km/hora e pesa 6,6 sextiliões de toneladas.

O nosso Planeta formou-se há cerca de 4500000000 anos.

O cosmos contém cerca de 50000000 de galáxias.

Existem entre 100000000 e 1000000000 estrelas numa galáxia.

1 UA (Unidade Astronómica) é a distância média entre a Terra e o Sol, cerca de 150 milhões de quilómetros.

A luz do Sol leva 8 minutos e 20 segundos a alcançar a Terra a 299,792 km/seg.

A estrela mais próxima dá Terra fora do Sistema Solar está 270000 vezes mais afastada do que o Sol, o que dá 40500000000000 quilómetros.

NASA: subida do nível do mar pode ser maior do que se pensa

"A subida do nível do mar e o degelo dos pólos podem ser fenómenos bem mais graves do que se previa, de acordo com os oceanógrafos da agência espacial norte-americana, NASA.

Um ano antes da revolução industrial, no século XVIII, o aumento do nível do mar ocorria à razão de um milímetro por ano. Agora, dois séculos mais trade, esse aumento é três vezes superior, ou seja, três milímetros por ano. Segundo os especialistas, este fenómeno é provocado pela combinação de aquecimento global do planeta, degelo das calotes polares e longos ciclos de alteração natural dos níveis do mar.

(...) Segundo Eric Lidstrom, se as grandes placas polares se envolverem nessas alterações, "o nível do mar pode subir dezenas de metros".(...)"

in Publico

A culpa é do Arrhenius


Um dos mais usados, cansados e falsos argumentos usados para descredibilizar a teoria do aquecimento global antropogénico é de que é tudo uma moda recente (ou uma conspiração perpetrada por comunistas camuflados, conforme o grau de paranóia) e que nos anos 70, para além do disco, dos bigodes e das calças à boca de sino, o que estava a dar era o arrefecimento global.

A base desta alegação é constituída por dois artigos saídos nas muito pouco científicas revistas Time e Newsweek que algures na década de 70 dedicaram espaço nas suas páginas a um hipotético arrefecimento global.

Ora, visto que esses artigos são usados pelos detractores da teoria do aquecimento global como provas de um consenso científico à volta de um arrefecimento generalizado do planeta, estranhamente representado apenas por artigos na imprensa generalista, William Connolley um climatólogo do British Antartic Survey, decidiu compilar todos os artigos científicos com referencias à suposta eminente idade do gelo. O resultado não impressiona ninguém, não devem chegar à vintena entre livros, relatórios e artigos, os textos que mencionam tal hipótese. Lá se vai o consenso sobre o arrefecimento na década de 70.

Para piorar as coisas, afinal já se fala de aquecimento global há bastante tempo. Aí desde 1896, para ser mais preciso, quando o prémio Nobel da Química Svante Arrhenius sugeriu que o aumento das concentrações de CO2 na atmosfera devido à queima de combustíveis fósseis poderia provocar um aumento das temperaturas.

Nos anos 40 esta hipótese foi confirmada pela espectrometria de infravermelhos que permitiu verificar que o dióxido de carbono absorve radiação infravermelha indo o aumento da sua concentração na atmosfera fazer também aumentar as temperaturas da mesma.

Na década de 50 Gilbert Plass adverte para os perigos provenientes da queima excessiva da combustíveis fósseis mas nessa altura pensava-se que os oceanos podiam absorver todo o CO2 em excesso, até que Charles Keeling publica as suas medições da variação da concentração de CO2 na atmosfera, mostrando sem sombra para dúvidas que esta se encontrava a subir.

E a partir daí o assunto foi ganhando momento e força mediática, excepto durante o tal intervalo nos anos 60-70 em que as elevadas emissões de aerossóis de sulfato fizeram com que as temperaturas globais não aumentassem como previsto, o que deixou de acontecer assim que nos anos 70 se começaram a regular as emissões destes poluentes, principalmente devido à existência de extensas áreas afectadas por chuvas ácidas e tendo em vista melhorar a qualidade do ar.

O que é pena é que ainda haja gente a bater nesta tecla e a apresentá-la vezes e vezes sem conta, como se fosse algo novo e relevante.

Mais informações:

The Discovery of Global Warming, livro online de Spencer Weart.
History of the greenhouse effect and global warming.
Video de Frank Capra sobre aquecimento global datado de 1958.

segunda-feira, março 12, 2007

Um Eclipse solar visto do Espaço


Imagem captada durante a calibração da sonda STEREO que visualiza as emissões de radiação ultravioleta da nossa estrela.
Mais imagens fantásticas e inclusive videos do transito da Lua em frente ao Sol aqui.

Via BoingBoing.

Geologia de Campo (XV)

Pegmatito dobrado, cortado por pequena zona de cisalhamento. Cap de Creus, Catalunha, Espanha.

domingo, março 11, 2007

Prémio Descartes para divulgação da Científica atribuído a documentário sobre a História Natural da Europa


EUROPE: A NATURAL HISTORY, um documentário em quatro parte que cobre a História Natural do território Europeu produzido em parceria pela britânica BBC, a austriaca ORF e a alemã ZDF foi um dos vencedores do prémio Descartes para melhor divulgação científica.
O documentário aborda vários aspectos, desde a evolução e formação do Mediterrâneo às glaciações e da intervenção do homem na paisagem ao futuro da vida selvagem num continente com elevada densadidade populacional.
Não seria nada mal pensado um certo e determinado canal de televisão pública investir na aquisição e exibição de um pedaço de fita tão didático.

sábado, março 10, 2007

Eppur si muove

"Eppur si muove" (E, no entanto, move-se).

Alegado protesto de Galileu, depois de ter sido obrigado a renunciar à sua teoria de que a Terra se move à volta do Sol em 1632.


Gallileu Galilei nasceu em Pisa no dia 15 de Fevereiro de 1564. Foi um notável físico, matemático e astrónomo italiano, sendo considerado um dos maiores génios da história da humanidade. (ver mais sobre Galileu aqui).

Hoje é um dado aceite que a Terra é redonda e que gira em torno do Sol. Mas nem sempre foi assim. Antes pelo contrário. Esta é uma ideia muito recente e apenas enraizada nas sociedades modernas ocidentais.

Actualmente compreende-se o porquê das coisas serem assim. Pelo menos um porquê parcial. Depois de Newton e Einstein o mundo tornou-se muito mais compreensivel para aqueles que possuem alguns conhecimentos de física e matemática e muito mais incompreensivel para aqueles que não se interessam por estas matérias. O próprio Einstein uma vez referiu que desde que os matemáticos começaram a trabalhar na teoria da relatividade, até ele já não a percebia.

Estas revoluções demoram o seu tempo, muito tempo, a consolidarem-se no seio de uma sociedade. Veja-se, já em 1543 (apenas cerca de 300 anos após a existência de D. Afonso Henriques) o astrónomo e matemáticos polaco Nicolau Copérnico (1473-1543), escreveu um livro sugerindo que o Sol estava no centro do Universo e que a Terra orbitava à sua volta e rodava diariamente no seu próprio eixo. Contudo não se atreveu a publicar o livro durante a sua vida, e só viu a primeira cópia já no seu leito de morte. Tal como ele temia, o livro foi rapidamente banido pelo a igreja católica.

Um dos seguidores de Copérnico, Giordano Bruno (c. 1548-1642) expôs claramente as suas ideias de que o Universo é infinito, que a Terra gira à volta do Sol, que as estrelas eram outros sóis com planetas à sua volta, e que a vida não estava confinada à Terra. Depois de ter estado preso durante algum tempo, por disseminar tais noções controversas, foi julgado e queimado na fogueira por heresia. (Mas que mania a nossa, seres ditos inteligentes, de nos matarmos uns aos outros, ainda por cima de formas tão divertidas como esta!). Galileu quase seguiu o mesmo caminho. Sob ameaça de tortura (o que também é uma coisa divertida! típica de seres geniais), foi forçado a negar que a Terra se movia em torno do Sol. Embora a Santa Inquisição lhe tivesse poupado a vida, foi obrigado a viver em prisão domiciliária o resto da vida!

As obras de Galileu foram censuradas e proibidas pela igreja católica romana . No entanto, Galileu conseguiu que uma das suas obras (sobre mecânica) fosse publicada em Leiden, na actual Holanda, uma zona protestante, onde a Igreja Católica não tinha grande influência. 341 anos após a sua morte, em 1983, a mesma igreja, revendo o processo, decidiu-se pela sua absolvição (mas o que é que isto interessa!? já toda a gente sabia que o senhor não era culpado de nada! foi absolvido da acusação de ter cometido o crime gravíssimo de ter dito a verdade! mas que grande lata! haverá algo mais hipócrita que isto? 341 anos!!!!).

Os cientistas (por profissão ou por alma) são os herdeiros desta maravilhosa luta. A luto pelo direito de descobrir coisas novas, o direito de nos questionarmos acerca do meio que nos rodeia, a possibilidade de partilhar e divulgar essas incríveis descobertas. De podermos discutir com um brilho de alegria nos olhos. De podermos olhar completamente fascinados para o céu nocturno e interrogarmos o que existe lá fora, "na vastidão do espaço e na imensidão do tempo..."

Bibliografia: Wikpédia e História Merdosa de Quase Tudo, de A. Parody.

sexta-feira, março 09, 2007

OneGeology - geologia sem fronteiras


Um grupo de cientistas britânicos está a trabalhar num projecto que procura reunir toda a informação geológica disponível à escala global, eliminando de vez as barreiras no acesso ao conhecimento, porque a geologia não conhece fronteiras.

O projecto dá pelo nome de OneGeology e é uma iniciativa do British Geological Service e tem como objectivo disponibilizar a cartografia geológica de todo o planeta à escala de 1:1 000 000 e conta com a colaboração de vários países. Curiosamente Portugal não é um deles...

Mais informações aqui.

Via The Guardian.

Nota: Afinal parece que Portugal já aderiu a este projecto e que a nossa ausência se devia à inexistência de contactos prévios entre os membros do projecto e os serviços geológicos nacionais.

A semana em notícias

União Europeia aposta em energias renováveis para reduzir as emissões de dióxido de carbono.
E ainda bem, parece-me melhor ideia do que ter uma central nuclear em cada esquina.

Água em Marte pode estar presente sobretudo em lençóis freáticos subterrâneos e ser expulsa como consequência de erupções vulcânicas.


George W. Bush quer aumentar o consumo de biocombustíveis nos EUA e para isso conta com a ajuda do Brasil.
Vamos lá ver se isso não envolve deitar o que resta da Amazónia abaixo.

A poluição atmosférica reduz a precipitação em zonas montanhosas.

Os fluxos de gelo na Antártida são controlados por um sistema de lagos e cursos de água subterrâneos.
Se esses fluxos se alterarem lá vão as calotes polares alegremente até ao mar.

Descoberta ligação entre as nuvens de poluição asiáticas e as tempestades do Pacífico.
Já falamos disto aqui.

Oceano Mantélico

Há já algum tempo que uma geonotícia não me causava tão grande estupefacção.

"A seismologist at Washington University in St. Louis has made the first 3-D model of seismic wave damping — diminishing — deep in the Earth's mantle and has revealed the existence of an underground water reservoir at least the volume of the Arctic Ocean. It is the first evidence for water existing in the Earth's deep mantle."




Vejam aqui e aqui
Imagem: Washington University in St. Louis

quinta-feira, março 08, 2007

"Presidência Aberta" - Reais Benefícios

Cavaco Silva dedica segunda jornada do roteiro para a ciência às tecnologias limpas
05.03.2007 - Público


O Presidente da República, Cavaco Silva, vai dedicar a segunda jornada do roteiro para a ciência, que está marcada para os próximos dias 12 e 13, às tecnologias limpas.

As energias renováveis, a eficiência energética, a água, o saneamento básico, o combate à poluição marítima e a gestão dos recursos hídricos serão as áreas em torno das quais se desenvolverá a segunda jornada do roteiro para a ciência.Cavaco Silva vai visitar universidades, centros de investigação e desenvolvimento, empresas e instituições públicas (civis e militares) dos distritos de Viana do Castelo, Porto, Aveiro, Santarém e Lisboa, cita a Lusa.



Já assitimos todos a inúmeras Presidências Abertas dedicadas às ciências. É caso para felicitarmos as iniciativas, porque nunca são demais. É bom ouvir falar os especialistas, promover o debate, divulgar os casos de sucesso, alertar para os perigos, etc. A minha questão está relacionada com o real benefício destas iniciativas. O que se sucede depois de mudar o tema da Presidência Aberta? Quantos mais cientistas passam a ser ouvidos? Quantos projectos novos se iniciam?
Acho que se poderia arriscar mais, afinal, é o Presidente da República o principal promotor. Não é uma simples conferência anual, ou um debate promovido por uma qualquer associação. Será que ficamos todos mais esclarecidos? Será que ficamos a ver o mundo que nos rodeia com outros olhos? Ou será apenas mais uma notícia que lemos nos jornais?


Quais são os reais benefícios de iniciativas como esta, ou como a Presidência Aberta, para a ciência em Portugal?

Olha, passou ali uma onda sísmica



Este vídeo ilustra a passagem de uma onda sísmica provocada não pela libertação de tensões acumuladas na crosta terrestre mas pela explosão do engenho nuclear mais potente alguma vez detonado pelos EUA (equivalente a 5 megatoneladas de TNT, 400 vezes mais potente que a bomba de Hiroshima) em Amchitka, uma ilha pertencente ao Arquipélago das Aleutas, perto do Alaska a 6 de Novembro de 1971.

A detonação deu-se a uma profundidade de cerca de 2000 m e os sismómetros localizados nas proximidades registaram um abalo com uma magnitude de 7 na escala de Richter. Alguns dias depois da detonação deu-se a subsidencia da caverna formada pela vaporização da rocha durante a explosão, originando um novo lago com cerca de 2 km de diâmetro ao mesmo tempo que se registaram uma série de abalos resultantes da interacção entre os efeitos da explosão e as tensões tectónicas presentes naquela ilha.

No entanto, as ondas sísmicas geradas durante uma explosão nuclear são bastante diferentes das registadas durante um sismo de origem tectónica. Estas detonações produzem ondas P com amplitudes mais elevadas que as ondas S ao contrário dos sismos naturais, o que permite a detecção de uma experiência nuclear em qualquer parte do mundo, desde que existam sismómetros suficientemente próximos para registar o evento.

Isto foi a principal motivação para que, durante a Guerra Fria, os Estados Unidos e os seus aliados instalassem por esse mundo fora uma extensa rede de sismómetros que para além de detectar testes nucleares Russos e Chineses veio a fazer avançar grandemente os conhecimentos nos domínios da sismologia e outras Ciências da Terra.

Portanto, pelos vistos os testes nucleares não têm só consequências negativas. É que para além motivarem a implementação de redes de sismómetros, este teste em Amchitka fez com que um grupo de ambientalistas partisse em direcção à ilha num barco chamado Greenpeace para o tentar impedir. Dessa viagem resultou o nascimento da associação ambientalista mais famosa do mundo que herdou o nome inscrito no barco que transportou os seus fundadores , e embora eu não concorde sempre com os métodos e acções dos senhores, pelo menos chamam a atenção para uma data de assuntos importantes.

Mais informações:

Reportagem da Time sobre o teste em 1971.
Relatório da Greenpeace sobre os efeitos da explosão.

quarta-feira, março 07, 2007

Pequeno documentário sobre parque Criacionista



Pequeno (menos de 10 minutos), estranho e até divertido documentário sobre um parque Criacionista entratanto encerrado na Florida, Estados Unidos da América, porque o seu dono estava demasiado empenhado em tentar convencer pessoas que os humanos eram contemporâneos dos dinossauros para pedir as devidas licensas.

Via BoingBoing.

Geologia de Campo (XIV)


Sequência de escoadas lávicas (mais escuras) intruídas por soleiras e um dique (mais claros) na ilha de Skye, Escócia.

terça-feira, março 06, 2007

Poluição asiática dá a volta ao mundo ( e ao clima)


As nuvens persistentes com três kilómetros de espessura constituídas por poeiras, fuligem e aerossóis que cobrem partes da China, Índia, Bangladesh e outros países do Sudeste Asiático concorrem com o efeito de estufa para reclamar o primeiro lugar na categoria de "efeito antropogénico mais nocivo do século".
Estas nuvens, derivadas de emissões proveniente de actividades industriais e da queima de biomassa, para além de serem óbvias fontes de problemas respiratórios, vão bloquear a radiação solar diminuindo a temperatura diurna na região por elas coberta e afectando a produtividade das colheitas da região.
Vão também agir como núcleos de condensação de nuvens por toda a região do Índico e Pacífico, condensando gotículas mais pequenas dentro de cada nuvem. Isto vai inibir a sua coalescência e consequente precepitação sob a forma de chuva, modificando os padrões de precipitação nessas regiões, incluindo a duração e distribuição da Monção Indiana, vital para a agricultura naquela parte do mundo.
Mas não é só a Monção Indiana que é afectada, estes aerossóis vão influenciar toda a distribuição de tempestades na região do Pacífico, condicionando inclusive o padrão de ocorrência das mesmas nas costas Oeste dos Estados Unidos da América e Canadá.
E para ajudar ainda mais à festa, se a fuligem contida nestas nuvens se depositar no topo de glaciares ou calotes polares vai contribuir para que o gelo absorva uma maior quantidade de radiação solar, acelerando o seu degelo.


A existência destas nuvens é mais uma razão para que estes países sejam pressionados (se não o fizerem voluntariamente, afinal os riscos para a saúde pública e para as colheitas são em si enormes) a adoptarem rapidamente medidas tendo em vista a redução das suas emissões de aerossóis e dióxido de carbono e abandonar a retórica do "se vocês poluíram, nós também podemos", caminhando na direcção de um desenvolvimento mais sustentável, porque afinal o problema pelos vistos não é só deles...

Mais informações:
Programa de monotorização e estudo de impacte da nuvem de poluição asiática.
Reportagem sobre a influencia dos aerossois asiáticos na distribuição das tempestados no Pacífico.
Reportagens na CNN e na BBC sobre os riscos relacionados com a nuvem de poluição.
Efeitos dos aerossóis no clima.
Influencia da nuvem de poluição na produtividade agrícola.

Entrevista com Pedro Terrinha

Já que se falou no sismo de 1755 e na Planície Abissal da Ferradura, fica aqui o link para uma entrevista com o Dr. Pedro Terrinha, um dos especialistas nesta matéria, publicada na revista Vega.

Mais um sismo na zona da Planície Abissal da Ferradura

Também hoje houve mais um pequeno sismo (mag. 3,7) na zona da Planície Abissal da Ferradura (Horseshoe Abissal Plain). Ver aqui
A Planicie Abissal da Ferradura localiza-se na Margem SW Ibérica, sendo limitada a Oeste pelo Banco de Gorringe e a Este pela Falha da Ferradura. É o zona onde se localiza a fonte do sismo de 1969, assim como do sismo do passado mês de Fevereiro. Vários autores conjecturam que o Grande Sismo de Lisboa de 1755 também pode ter sido gerado neste local.

Sismo na Indonésia



Um sismo abalou hoje a Indonésia e a cidade-Estado de Singapura e fez pelo menos 82 mortos na ilha indonésia de Sumatra, segundo as últimas informações divulgadas por funcionários da Unicef presentes no local, indicou um porta-voz daquela organização da ONU, a partir de Genebra.

O Instituto Nacional americano de Geofísica estimou que a magnitude do sismo foi de 6,3 na escala aberta de Richter, com o epicentro a uma profundidade de 30 quilómetros. Por seu lado, a agência de meteorologia de Singapura estimou que a magnitude do abalo rondou os 6,6 na mesma escala de avaliação.

O abalo telúrico ocorreu às 10h49 em Sumatra (3h49 em Lisboa) e o seu epicentro localizou-se a 21 quilómetros a sudoeste da cidade de Bukittinggi, indicou à AFP a agência de sismologia de Jacarta, a Jafar.

in Público, 6/3/2007

segunda-feira, março 05, 2007

Stromboli


O Vulcão Stromboli voltou a verter lava para o mar no passado dia 28 de Fevereiro. Este vulcão, localizado numa pequena ilha a norte de Sicília, é o vulcão europeu mais activo, sendo um dos mais activos do mundo. Está em erupção quase contínua desde à pelo menos 2000 anos.
Photograph by Mario LaPorta/AFP/Getty Images.
Fonte aqui e aqui.

domingo, março 04, 2007

Fogo e Gelo

O glaciar de Vatnajökull, na Islândia, seria apenas mais um na extensa lista de glaciares árticos não fosse a particularidade de por debaixo deste se situar o bastante activo vulcão de Grímsvötn.

Cada vez que este vulcão entra em erupção derrete o gelo que se encontra a cobri-lo e a água resultante desse degelo vai interagir com a lava dando origem a explosões que libertam grandes quantidades de cinza e vapor de água.

Se a erupção for suficientemente longa e intensa, o calor libertado pode derreter grandes quantidades de gelo, escavando um canyon no glaciar que vai libertar grandes quantidades de gelo, lama e pedras nas regiões proximas do glaciar, numa inundação catastrófica que tem o impronunciável nome de Jökulhlaup.


Islândia, uma terra de extremos.
Mais fotos e informações sobre as erupções do Grímsvötn aqui, aqui e aqui.