quinta-feira, março 08, 2007

Olha, passou ali uma onda sísmica



Este vídeo ilustra a passagem de uma onda sísmica provocada não pela libertação de tensões acumuladas na crosta terrestre mas pela explosão do engenho nuclear mais potente alguma vez detonado pelos EUA (equivalente a 5 megatoneladas de TNT, 400 vezes mais potente que a bomba de Hiroshima) em Amchitka, uma ilha pertencente ao Arquipélago das Aleutas, perto do Alaska a 6 de Novembro de 1971.

A detonação deu-se a uma profundidade de cerca de 2000 m e os sismómetros localizados nas proximidades registaram um abalo com uma magnitude de 7 na escala de Richter. Alguns dias depois da detonação deu-se a subsidencia da caverna formada pela vaporização da rocha durante a explosão, originando um novo lago com cerca de 2 km de diâmetro ao mesmo tempo que se registaram uma série de abalos resultantes da interacção entre os efeitos da explosão e as tensões tectónicas presentes naquela ilha.

No entanto, as ondas sísmicas geradas durante uma explosão nuclear são bastante diferentes das registadas durante um sismo de origem tectónica. Estas detonações produzem ondas P com amplitudes mais elevadas que as ondas S ao contrário dos sismos naturais, o que permite a detecção de uma experiência nuclear em qualquer parte do mundo, desde que existam sismómetros suficientemente próximos para registar o evento.

Isto foi a principal motivação para que, durante a Guerra Fria, os Estados Unidos e os seus aliados instalassem por esse mundo fora uma extensa rede de sismómetros que para além de detectar testes nucleares Russos e Chineses veio a fazer avançar grandemente os conhecimentos nos domínios da sismologia e outras Ciências da Terra.

Portanto, pelos vistos os testes nucleares não têm só consequências negativas. É que para além motivarem a implementação de redes de sismómetros, este teste em Amchitka fez com que um grupo de ambientalistas partisse em direcção à ilha num barco chamado Greenpeace para o tentar impedir. Dessa viagem resultou o nascimento da associação ambientalista mais famosa do mundo que herdou o nome inscrito no barco que transportou os seus fundadores , e embora eu não concorde sempre com os métodos e acções dos senhores, pelo menos chamam a atenção para uma data de assuntos importantes.

Mais informações:

Reportagem da Time sobre o teste em 1971.
Relatório da Greenpeace sobre os efeitos da explosão.

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