quarta-feira, abril 04, 2007

Um pouco de nada


Einstein disse uma vez que o mais incompreensível do mundo era ele ser compreensível. Num colóquio realizado na Faculdade de Ciências, no qual estavam frente a frente cientistas crentes e não crentes (e um criacionista, mas essa é uma outra história), um dos intervenientes de que agora não me recordo do nome disse mais ou menos isto: mesmo não sendo crente, isso não me impede de sempre que o Sol nasce ou que uma molécula de DNA se replica, reconhecer que se realizou um milagre! Eu diria mais, é um milagre compreender que um milagre se realizou. É esta forma de pensar que por vezes as pessoas fora das ciências (e por vezes alguns cientistas) não compreendem. Muito do que foi historicamente considerado milagre foi posteriormente compreendido através do bom uso da razão. Foi explicado, testado e modelado. No entanto ainda há muitos milagres por explicar. Como nasceu o Universo? Porquê? Qual o seu tamanho? Somos os únicos seres vivos nesta vastidão de espaço? O que é o Tempo? Quantas dimensões existem? O que é a nossa consciência, que nos fala e questiona todos os dias? E até mesmo se quisermos, o que é esse magnífico sentimento denominado de amor? Ainda há muitas perguntas. E em cada nova resposta surgem ainda mais perguntas. É este o jogo da ciência. Tentar de forma persistente, racional e organizada abrir caminho pelo desconhecido. Se isto não fosse feito de forma metódica, usando o método científico, rapidamente nos perderíamos. A ciência é um pouco isto, é um caminho. Um caminho que foi seguido por milhões de pessoas antes de nós e que será seguido por muitos outros quando nós desaparecermos. É uma corrida de estafetas que dura há vários séculos. Sou cientista de profissão, mas isso não chega, à que sê-lo também de coração. Deste ponto de vista qualquer pessoa é um potencial cientista. De facto todos, mesmo que não saibam, o são. A questão e a procura de uma resposta coerente parecem ser inerentes ao espírito humano. Porquê?

5 comentários:

Fernando Martins disse...

Vide:
http://geopedrados.blogspot.com/2007/04/sismos-nos-aores.html

Anónimo disse...

O que é interessante é que tem havido muitas formas de expressar essa procura de respostas. Por isso sempre admirei o homem de ciência Rómulo de Carvalho por albergar dentro dele o poeta António Gedeão.
Isto é: há, de facto, muitos caminhos para procurar respostas para as questões essenciais. Pode ser a Ciência...pode ser a Poesia...
Não ponho uma e outra ao mesmo nível. Quero apenas dizer que a minha razão "precisa" da Ciência mas a minha emoção precisa de Poesia.
Esta dicotomia não é entendida por muita gente que acaba por confundir os dois planos, o que dá origem a grandes confusões.

Uma hipótese: a religião, a superstição, a intuição, o criacionismo, os mitos, as fábulas, as antigas cosmogonias, tudo isso é Poesia. De melhor ou menor qualidade, mas necessária para uma certa dimensão do ser humano.

As explicações racionais, fundadas na verificação das hipóteses e na monitorização dos resultados, a experimentação, a comparação de conclusões, etc, isso é a Ciência.

Há que saber qual o território da Poesia e qual o da Ciência. Caso contrário é o ridículo dos cientistas a discutirem com poetas e de poetas a quererem ser científicos.

Anónimo disse...

porquê? ora.. Charles Darwin... :)

Achei o seu blog interessante e
reparei no seu comment no blog ktreta, e devo dizer o pressuposto hoje aceite é que o universo é limitado mas infinito. Pode parecer estranho mas é uma ideia facil de conceitualizar. (nao quero estar a pareçer arrogante com uma explicação que se calhar nao necessita.)

Anónimo disse...

Excelente, ó John Money! ;)

Há, de facto, 3 perguntas cruciais para o espírito humano, e que se colocam tanto no plano científico, como no filosófico e religioso:

1. Qual a natureza do "Nada" de onde se originou o universo material?!

2. Qual a natureza da consciência e como se relaciona ela com a realidade material?

3. Qual a natureza do amor e será possível que uma tal qualidade também esteja representada no universo material?

Por fim, meramente especulando... a física quântica estará a abrir de novo as portas a uma explicação filosófica do Universo baseada no idealismo monista de Platão e das antiquíssimas filosofias do Oriente?!

Lots of food for thought...

Rui leprechaun

(...for miracles are all we've got! :))

João Moedas Duarte disse...

A ideia que tenho é que o Universo poderia ser finito mas ilimitado. Um pouco como a superficie de uma esfera, mas neste caso estariamos do lado de dentro.