quarta-feira, outubro 31, 2007

Meteoritos – As rochas que caiem do céu


Os gregos terão sido o primeiro povo a olhar para as estrelas cadentes com olhos de ver. Antes deles o senso comum afirmava que as estrelas cadentes eram causadas, como o nome indica, pela queda de uma estrela. No entanto, os Gregos perceberam que, apesar de em certas noites centenas de estrelas cadentes cruzarem o céu, nenhuma das estrelas do céu conhecido parecia desaparecer. Deste modo consideraram que as estrelas cadentes não eram de facto estrelas e atribuíram-lhes o nome de meteoros, do termo grego que significa objectos no ar.

Hoje sabe-se que os meteoros são pequenas porções de matérias com dimensões da cabeça de um alfinete. O espaço em volta da Terra está cheio destas partículas. Quando uma destas se aproxima do Planeta comprime o ar à sua frente. Essa compressão faz aumentar a temperatura da partícula que em consequência se torna incandescente, desintegrando-se antes de atingir o solo.

Existem, no entanto, partículas de dimensões bastante superiores que viajem a através do espaço. Esses objectos são chamados meteoróides, e os fragmentos que atingem a superfície denominam-se meteoritos.

A maioria dos meteoritos cai no mar ou em áreas não populacionais, causando pouco impacto em termos culturais. Os impactos que deixam uma cratera na superfície ocorrem muito raramente, em média a cada 5000 anos. Os impactos realmente grandes, como aquele que se pensa ter ajudado na matança dos dinossáurios, acontece aproximadamente uma vez em cada 100 milhões de anos.

Os meteoritos que encontramos na Terra podem classificar-se em três tipos: rochosos (aerolitos), metálicos (siderito) ou metálico-rochosos (Siderólitos). Os meteoritos rochosos, por sua vez, aparecem em duas variedades: os condritos, que apresentam uns pequenos objectos esféricos chamados côndrulos, e os acondritos.

Condrito (http://www.meteoritemarket.com)




Cratera do Meteoro – Arizona. Com 1200 m de diâmetro e 200 m de profundidade, pensa-se que seja o resultado do impacto, há 50 000 anos de um meteorito com 30 a 50 m de diâmetro, que teria libertado uma energia da ordem de 6 a 10 megatoneladas de TNT. USGS.


Foto topo: O meteorito "Willamette", o maior já encontrado nos Estados Unidos da América, no estado do Oregon. É o sexto maior encontrado no mundo inteiro.

Foto de baixo: Meteoreo, Leonides (Crédito: Ferris Hall)

Bibliografia:

-Guia da Terra e do Espaço, Isaac Aimov, Campo das Ciências, Campo das Letras.

- The rough guide to the Universe, John Scalzi, Rough Guides.

- Wikipédia: Meteorite

Coisas da Matemática (II) – O número pi (π)


Há uns tempos escrevi sobre o π. Hoje apeteceu-me voltar a ele um bocadinho. Li sobre ele no livro que ando a ler, foi pesquisar um pouco à net e cá estou eu de volta do π outra vez.

O π é dos números mais enigmáticos que alguma vez foi descoberto. Os primeiros cálculos de π terão sido feitos na Babilónia, cerca de 1800 anos a.C., que consideravam que π tinha o valor de 3, o que naquela altura era uma boa aproximação.

Em 1700 a.C., os Egípcios perceberam que a razão entre o comprimento de uma circunferência e o seu diâmetro é o mesmo para qualquer circunferência, e que esse valor é nem mais nem menos π.

O π tem, como todos sabemos, um valor aproximado de 3,14. No entanto, ele é um número irracional, isto é, não pode ser expresso como a razão entre dois números inteiros naturais. Para além de irracional é também um número transcendente, o que formalmente quer dizer que não é raiz de nenhuma equação polinomial a coeficientes inteiros. Isto na prática quer dizer que é impossível exprimir π com um número finito de números inteiros, de fracções racionais ou suas raízes. Apenas podemos saber o valor aproximado do π, pois não conseguimos prever o seu valor à medida que formos considerando um número cada vez maior de casas decimais.

Actualmente conhecem-se mais de 50 mi milhões de casas decimais de π. Podemos perguntar: mas então não saber exactamente o valor de π não tem problemas práticos, como por exemplo na engenharia ou na física teórica? A resposta pode dar-se com um exemplo: é apenas necessário conhecer 39 casas decimais de π para calcular “o perímetro de um circulo que cerque o universo conhecido com um erro que não ultrapassa o raio de um átomo de hidrogénio”.


Bibliografia:

-O homem que só gostava de números, Paul Hoffman, Colecção Ciência Aberta, Gradiva nº105.

terça-feira, outubro 30, 2007

Coisas da Matemática (I) - Paul Erdős

Grande parte dos "posts" que aqui coloco são reflexo quase directo dos livros que tenho na cabeceira ou das notícias em que tropeço na net. Nos últimos tempos tenho andado cheio de trabalho não tenho podido passar muito tempo a ler notícias de ciência, coisa que gosto muito de fazer. Talvez por isso não tenha tido muita inspiração para escrever.

E então em relação aos livros que tenho na cabeceira? Tenho andado fascinado com um! Leio devagar para o saborear. O livro chama-se "O homem que só gostava de números", de Paul Hoffman, e trata da vida de um dos maiores matemáticos que o mundo já viu: Paul Erdős (ver foto).
Paul Erdős viveu entre 1913 e 1996, tendo nascido em Budapeste na Hungria. Colaborou com centenas de cientistas em todo o mundo e com a idade de 70 anos produzia uma média de 40 artigos científicos por ano. As suas grandes paixões eram, entre outras, a combinatória e a teoria dos números, e trabalhou a apaixonadamente na teoria do números primos (números naturais que apenas têm dois divisores: 1 e eles próprios). As incríveis capacidades matemáticas de Erdős revelaram-se cedo. Aos 3 anos conseguia calcular rapidamente quantos segundos os amigos da família tinham vivido.
Paul Erdős viajou pelo mundo com apenas duas malas na mão, onde cabiam todos os seus bens materiais. Tinha como objectivo descobrir o que estava escrito no Livro. Segundo ele, o SF (que queria dizer Supremo Fascista, o seu nickname para Deus), tinha um livro onde estavam escritas as leis do Universo e essas leis estavam escritas na linguagem da matemática.


Bibliografia:

O homem que só gostava de números, Paul Hoffman, Colecção Ciência Aberta, Gradiva nº105.

Wikipédia: http://en.wikipedia.org/wiki/Paul_ErdÅ‘s

quinta-feira, outubro 25, 2007

Notícias pela net..

The plate tectonics of alien worlds

Physicists capture image of elusive neutrinos

Oceans losing ability to absorb carbon

Meteorite case closed?

Ancient Cataclysm Rearranged Pacific Map, Study Says

Top Ten do Hubble


A National Geographic seleccionou um "top ten" de imagens do Telescópio Hubble (Ver Aqui). A maioria das imagens foram captadas pelo telescópio enquanto outras são foram concebidas por artistas utilizando os dados obtidos através do telescópio.


Crédito da Imagem: NASA, ESA, HEIC, and the Hubble Heritage Team (STSci/AURA)

terça-feira, outubro 16, 2007

Teorema do mapa de quatro cores


O teorema do mapa de quatro cores diz que não são necessárias mais de quatro cores para pintar qualquer mapa plano concebível, de países reais ou imaginário, de tal modo que dois países vizinhos não tenham a mesma cor.
A demonstração deste teorema é considerado um dos maiores feitos da matemática moderna. Este foi um dos primeiros grandes teoremas a ser provado usando um computador, no entanto esta prova não é ainda aceite por todos os matemáticos visto ninguém o ter conseguido demonstrar usando apenas papel e caneta.
Em meado do século XIX os matemáticos pensavam que este teorema era verdadeiro, tendo sido proposto como conjectura em 1852 por Francis Guthrie, que se apercebeu enquanto pintava o mapa dos condado de Inglaterra que apenas necessitava de quatro cores. Durante mais de 100 anos matemáticos de todo o mundo atacaram o problema com unhas e dentes tendo sempre falhado na sua demonstração.
No livro O Homem Que Só Gostava de Números, Paul Hoffman conta a história de um matemático, chamado E.F. Moore, que teve durante uns tempos como objectivo de vida encontrar um contra exemplo. Todos os dias chegava ao trabalho, na AT&M, com uma folha gigante de papel com mais de um metro quadrado onde tinha cuidadosamente desenhado um mapa com milhares de países. "Hoje vou conseguir", dizia ele pela manhã, "vou provar que são precisas 5 cores". Ao fim do dia saía desiludido. Mas na manhã seguinte lá estava ele com um lençol cheio de minúsculos e intrincados países imaginários.
Foi apenas em 1976 que a conjectura foi finalmente demonstrada por Kenneth Appel e Wolfgang Haken na Universidade de Illinois. Quando isto aconteceu reza a história que muitos professores de matemática terão interrompido as sua aulas para abrir uma garrafa de champanhe. No entanto muitos matemáticos não ficaram contentes, pois a descoberta tinha sido feita usando 3 supercomputadores durante mais de 1000 horas. Na realidade Appel e Haken demonstraram que todos os mapas possíveis eram variações de 1500 tipos fundamentais, e os computadores conseguiram pintá-los a todos com um máximo de quatro cores. Há quem acredite ainda que este teorema pode ser demonstrado com papel, lápis e umas poucas folhas.


Bibliografia:
- O Homem Que Só Gostava de Números, Ciência Aberta, Nº105, Gradiva.

sexta-feira, outubro 12, 2007

Prémio Nobel da Paz 2007: Al Gore e IPCC

O Prémio Nobel da Paz foi hoje atribuído ao ex-vice-presidente norte-americano Al Gore e ao Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU (IPCC).



O prémio foi atribuído a Al Gore e ao Painel das Nações Unidas pelo "esforço conjunto na criação e disseminação de um maior conhecimento acerca da influência humana nas mudanças climáticas, e pelo lançamento das bases necessárias para inverter essas mudanças", declarou o presidente do Comité Nobel norueguês, Ole Danbolt Mjoes.
Notícia via Público

quarta-feira, outubro 10, 2007

A Terra de Noite!

Clicar para ampliar.

Fonte: Nasa. Daqui.

Ó p'ra ela, que bonita!

Clicar sobre a imagem para ver em grande.

NASA images by Reto Stöckli, based on data.
Retirado daqui

segunda-feira, outubro 08, 2007

Ciclo de Palestras de Geologia

“DO GRÃO AO PLANETA”
Ciclo de conferências para o grande público a realizar durante 2007 e 2008 na Galeria Matos Ferreira, no Bairro Alto, Lisboa.
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Próximas:
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Jorge Figueiras-A Terra tem irmãos? (11/10)
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Fernando Barriga-As Fronteiras da Geologia na Terra, no Mar e no Espaço (18/10)
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João Cabral-O Terramoto de Lisboa de 1755 (25/10)
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Filipe Rosas / Pedro Terrinha-Explorando o fundo dos oceanos: Geologia Marinha no Golfo de Cádis e o Sismo de 1755 (08/11)
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Ver o programa completo aqui

sexta-feira, outubro 05, 2007

Doenças da vontade (científica)




Peço desde já desculpa pela fraca qualidade da traduçao livre abaixo apresentada. Faltas de acentuaçao sao devidas ao teclado castelhano.


"(...)Estes ilustres fracassados agrupam-se nas seguintes classes principais: diletantes ou contempladores, eruditos ou bibliófilos, organófilos, megalófilos, descentrados e teorizantes.

Contempladores. - Variedade mórbida muito frequente entre astrónomos, naturalistas, químicos, biólogos e físicos, reconhece-se nos seguintes sintomas: amor à contemplaçao da Natureza, mas apenas nas suas manifestaçoes estéticas: os espectáculos sublimes, as belas formas, as cores esplêndidas e as estruturas elegantes.


(...) Bibliófilos e poliglotas. -Da mesma forma que o micrógrafo se entretém com a diatomácea, ou o zoólogo com as conchas, o bibliófilo deleita-se com a leitura do livro ou monografia novíssimos, que só ele recebe e de que o nosso erudito se serve maravilhosamente para assombrar os seus amigos.


(...) Os megalófilos. - Caracteriza-se esta variedade através de atributos nobres e simpáticos. Estudam muito, mas amam igualmente o trabalho pessoal; possuem o culto da acçao e dominam os métodos inquisitivos, (...) e, no entanto, (...) como se confiassem no milagre, desejam estrear-se com um feito prodigioso.


(...) Organófilos. - Variedade pouco importante de infecundos, reconhecendo-se de seguida por uma espécie de culto fetichista em relaçao aos instrumentos de observaçao.


(...) Os descentrados. - Se o professorado nao fosse entre nós mera escumalha da política, ou o decoroso escaparate da clientela profissional; se aos nossos candidatos a cátedras lhes fosse exigido, em concurso ou exame, provas objectivas de aptidoes e vocaçao, em vez de provas puramente subjectivas e, de certo modo, proféticas, abundariam menos esses casos de actividade oficial entre a funçao retribuída e a actividade livre. (...) Quem nao recorda (...) professores de medicina cultivando a literatura ou a arqueologia, (...) engenheiros escrevendo melodramas, patólogos dedicados à moral (...)?

(...) Os teorizantes. - Há cabeças cultíssimas e superiormente dotadas cuja vontade padece de uma forma especial de perguiça, tanto mais grave que nem os aos próprios lhes parece que tal comportamento lhes possa ser imputado. Eis os seus sintomas culminantes: talento de exposiçao, imaginaçao criadora e inquieta, desvio do laboratório e antipatia em relaçao à ciência concreta e aos feitos pequenos. Pretendem ver em grande e vivem nas nuvens. (...) Em presença de um problema difícil sentem a irresistível tentaçao de nao interrogar a Natureza, mas de formular uma teoria."




Santiago Ramón y Cajal (1832 -1934). Reglas y Consejos sobre Investigación Científica (1898).


(Prémio Nobel da Medicina em 1908, descobriu que o sistema nervoso é composto por bilioes de neurónios, assim como a existência, funçao e mecanismo das sinapses nervosas. Manteve acesa polémica com Camillo Golgi, com o qual partilhou o Nobel.)

quinta-feira, outubro 04, 2007

O que causa um Tsunami?

Um Tsunami é uma onda causada pelo movimento repentino do fundo do mar. Este movimento pode ser desencadeado por diferentes fenómenos: sismos, erupções vulcânicas ou deslizamentos de terras submarinos. Podem ainda ser gerados em consequência de impactos de meteoritos. Os Tsunamis propagam-se ao longo da superfície dos oceanos a grandes velocidades e quando atingem a linha de costa os seus efeitos podem ser devastadores.
A grande maioria dos Tsunamis formam-se em consequência de sismos gerados em zonas de subducção. As zonas de subducção são locais onde um fragmento de crusta terrestre, normalmente oceânica, mergulha sob outra (continental ou oceânica) afundando-se no manto. Neste local as forças de fricção são enormes. Imaginem uma fracção de rocha com mais de 20 km de espessura a mergulhar sobre outro com mais de 50 km, podendo atingir várias centenas de quilómetros de extensão e afundando a mais de 700 km de profundidade no manto.
Devido à fricção e devido ao facto de as placas se movimentarem lentamente durante a maior parte do tempo, a zona de subducção encontra-se normalmente bloqueada (stuck).


Deste modo a energia vai-se acumulando e as placas vão-se deformando lentamente, mas sem que ocorra movimento relativo ao longo do plano de subducção.



Quando a energia acumulada excede a força de fricção existente entre as duas placas dá-se o movimento repentino relativo entre elas ao longo do plano de subducção, libertando as enormes quantidade de energia. A energia potencial é "transformada" em energia cinética (movimento). Quando isto acontece o fundo do mar pode movimentar-se bruscamente, movimento este que é transferido à coluna de água suprajacente, gerando o Tsunami.



A onda assim formada propaga-se ao longo da superfície do mar, podendo ser amplificanda quando atinge as zonas costeiras. Nestas zonas podem-se formar-se ondas com várias dezena de metros causando a destruição quase total das áreas onde se dá o impacto da massa de água.


Fonte: Geology.com

Esquemas: USGS

terça-feira, outubro 02, 2007

As mais poderosas erupções do Século XX


Ver mais aqui
Imagem: USGS

Aterações Climáticas em Portugal


Está disponível online um estudo pormenorizado acerca das alterações climáticas em Portugal Continental do projecto SIAM (Climate Change in Portugal. Scenarios, Impacts and Adaptation Measures), dirigido pelo Professor Dr. Filipe Duarte Santos.