quinta-feira, julho 26, 2007

Um dia com um GPS

Na passada quarta-feira estive a tomar conta de um GPS. Missão cumprida. Ele não fugiu! A história é mais ou menos assim: um grupo de pessoal de geologia e engenharia geográfica do LATTEX da FCUL (também lá estava o Rui M.) tínhamos como objectivo passar 7 horas a adquirir dados de posição de um conjunto de pontos localizados a várias dezenas de quilómetros uns dos outros.

As minhas coisas, o GPS e a antena.


Estes pontos estavam situados em ambos os lados do Vale do Tejo, uma zona de fractura crustal (com falhas geológicas) que se pensa poder gerar sismos. Este projecto começou no início dos anos 90 e desde então têm sido realizadas diversas destas campanhas. O objectivo é medir a direcção e quantidade de movimento que estes pontos têm sofrido ao longo dos últimos anos, por outras palavras medir a sua cinemática. Medindo a sua posição através de GPS ao longo de vários anos podemos assim obter esta medida.

A minha missão, assim como a dos meus colegas, era a de certificar-nos que os GPS’s ficavam ligados durante as 7 horas necessárias para que os dados pudessem ser de confiança. Verificar os cabos, evitar que estes se desligassem, ver se estávamos ligados a mais de 3 satélites e principalmente verificar as baterias, que no meu caso eram fortemente temperamentais.

Bem, acontece que cada um de nós estava sozinho. Eu estava no cimo de um monte, que por ter ardido não tinha arvores, num dia de extremo calor e muito muito vento, o que se tornou problemático. Precisava de um chapéu-de-sol para não assar como uma sardinha, mas o vento tornou a tarefa de posicionar o chapéu extremamente difícil, que voou mais de uma vez, uma delas monte abaixo. E lá fui eu atrás dele que nem um doido. Acabei por passar a tarde com uma mão no cabo do chapéu a tentar mantê-lo o mais estável possível.

Para além de olhar para o ecrã do GPS não havia muita coisa para fazer, mas ia prevenido com uma bateria de livros, mas acabei por passar o dia agarrado ao “Tecido do Cosmos”, com uma mão apenas, pois a outra ia agarrando o chapeu assim que ouvia as árvores no fundo do vale a mexer.

Uma coisa muito boa era a vista. Do local onde estava (num monte por cima da Azambuja) via Lisboa, o Vale do Tejo, A Serra de Montejunto e o início da Serra D’Aire e Candeeiros. Naquela área havia também uma fauna avícola fabulosa, pelo que passei largos minutos a ver aves de rapina. Os insectos eram também extremamente abundantes, sendo que uma bateria de aranhas se apropriou do meu chapéu-de-sol alguns instantes após o ter colocado.

Não posso por isso deixar de aconselhar vivamente os leitores deste blog, amantes da natureza (e é este o objectivo deste post), a visitar este local e a observar a sua magnífica fauna e flora. Vale a pena levar uns binóculos, algo de que não me lembrei. Outra excelente opção é fazer o percurso Vale do Tejo – Serra de Montejunto e desfrutar do contraste Oeste/Lezíria.


Serra de Montejunto (Oeste)

Leziria e Rio Tejo

Ave de Rapina

Fotos daqui, daqui e daqui.

3 comentários:

avelaneiraflorida disse...

Tirando todas as "aventuras" GPRSIANAS...

valeu pela belissimas fotos!!!!

Joaquim Moedas Duarte disse...

Só hoje li este relato.
Gostei muito!
Era pena que ele ficasse confinado à tua vivência estritamente pessoal....

Rui Silva disse...

7 horas?? Pensei que era chegar lá, medir e pronto!