quinta-feira, julho 05, 2007

Viagens no Tempo (Parte 2 – Campos Gravitacionais e Buracos Negros)


No post anterior vimos como o intervalo de tempo entre quaisquer dois eventos depende da velocidade a que os observadores se deslocam. Assim qualquer partícula ou objecto que acelere para velocidades próximas da luz pode experimentar espectaculares saltos no tempo. Um exemplo é os raios cósmicos que se deslocam a velocidades próximas da luz. Do seu ponto de vista eles atravessam a galáxia em apenas alguns minutos, enquanto que do nosso ponto de vista, isto é usando a Terra como referencia, estas partículas parecem demorar dezenas de milhares de anos a atravessar a galáxia. Se a dilatação do tempo não ocorresse estas partículas nunca conseguiriam ter aqui chegar!

Chegando a este ponto já sabemos que a velocidade é uma forma de viajar para a frente no tempo. Existe outra forma de o fazer: através da Gravidade. É sabido que os relógios andam mais depressa no telhado do que na cave, que está mais perto do centro da Terra e portanto numa zona mais interna do seu campo gravitacional. De forma semelhante os relógios andam mais depressa no espaço do que na superfície da Terra. Apesar destes efeitos serem minúsculos, foram confirmados e medidos usando relógios de elevada precisão. Esta deformação do tempo afecta e tem de ser levada em conta nos Sistemas de Posicionamento Global (GPS em Inglês). Se estes efeitos não fossem considerados e corrigidos os marinheiros, os pilotos de avião, os taxistas, etc, iam parar a alguns quilómetros de distancia do sitio para onde pretendiam ir.

Junto a um estrela de neutrões a gravidade é tão forte que o tempo desacelera cerca de 30 vezes em relação à Terra. Se alguém estivesse junto a essa estrela a olhar para a Terra veria as coisa a acontecer a grande velocidade, como num filme de vídeo a andar para a frente.

É junto aos buracos negros que acontecem as coisas mais espectaculares em termos de distorção de tempo; na sua superfície o tempo pára em relação à Terra. Na prática isto quer dizer que se e caísse num buraco negro, o curto tempo que levava a atingir a sua superfície equivaleria a uma eternidade no resto do Universo. É como se a região dentro do buraco negro estivesse para lá do limite do tempo. Está para lá do futuro! Está no infinito!

Se um astronauta se aproximasse de um buraco negro e conseguisse voltar intacto poderia experimentar um espectacular salto para o futuro.




Imagens daqui e daqui
Adaptado de How to Build a Time Machine. Paul Davies, Scientific American Reports, Especial Edition on Astrophysics, Volume 17, Number 1, 2007.

2 comentários:

Nómada disse...

Sempre esclarecedores, motivadores, apaixonantes... estes textos de divulgação!

Força para continuar!

Ema Pires disse...

Somos almas gêmeas, gostas de tudo o que eu gosto. Estou a desfrutar lendo toda esta informação do teu blogue.
Bjs