terça-feira, julho 31, 2007

Buracos Negros: embarque na viajem...

Embarquem numa viajem de até fora do sistema solar, vão até à Galáxia Andromeda ou até Cygnus X-1 e vejam de perto o buraco negro localizado no seu centro. Tudo isto é possível neste site:

http://hubblesite.org/explore_astronomy/black_holes/


O site foi criado por uma equipe liderada pelo astronomo Roeland van der Marel do Space Telescope Science Institute in Baltimore, Md.

Mais informações aqui

Aqui ficam duas imagens de Sygnus X-1 para abrir o apetite:



Sygnus X-1 é uma fonte de Raios-X na contelação Cygnus. Pensa-se que é um Buraco Negro.

Io e Júpiter


Esta imagem mostra Io, a lua de Júpiter conhecida pela sua actividade vulcânica. O ponto negro na superfície do planeta é a sombra de Io. Esta imagem foi captada pelo Hubble no dia 24 de Julho de 2006.
Credito: J. Spencer (Lowell Observatory) and NASA

segunda-feira, julho 30, 2007

Pedro Russo


O Astrónomo português Pedro Russo (Instituto Max Planck para a Investigação no Sistema Solar, Alemanha, e Centro Multimeios de Espinho) foi nomeado Coordenador Internacional do Ano Internacional da Astronomia 2009.

O cientista português tem vindo a desenvolver o seu trabalho na Alemanha utilizando dados da missão espacial Vénus Express, uma missão da Agência Espacial Europeia, que está a estudar em detalhe a atmosfera daquele planeta.

Pedro Russo tem 29 anos e é natural de Figueira de Castelo Rodrigo (Guarda). Licenciou-se em Astrofísica, é Mestre em Geofísica e actualmente encontra-se a fazer o seu doutoramento.

Segundo as suas palavras: "Falar sobre ciência é tão importante como fazer ciência". Um exemplo a seguir.
Ler mais aqui e aqui

quinta-feira, julho 26, 2007

Um dia com um GPS

Na passada quarta-feira estive a tomar conta de um GPS. Missão cumprida. Ele não fugiu! A história é mais ou menos assim: um grupo de pessoal de geologia e engenharia geográfica do LATTEX da FCUL (também lá estava o Rui M.) tínhamos como objectivo passar 7 horas a adquirir dados de posição de um conjunto de pontos localizados a várias dezenas de quilómetros uns dos outros.

As minhas coisas, o GPS e a antena.


Estes pontos estavam situados em ambos os lados do Vale do Tejo, uma zona de fractura crustal (com falhas geológicas) que se pensa poder gerar sismos. Este projecto começou no início dos anos 90 e desde então têm sido realizadas diversas destas campanhas. O objectivo é medir a direcção e quantidade de movimento que estes pontos têm sofrido ao longo dos últimos anos, por outras palavras medir a sua cinemática. Medindo a sua posição através de GPS ao longo de vários anos podemos assim obter esta medida.

A minha missão, assim como a dos meus colegas, era a de certificar-nos que os GPS’s ficavam ligados durante as 7 horas necessárias para que os dados pudessem ser de confiança. Verificar os cabos, evitar que estes se desligassem, ver se estávamos ligados a mais de 3 satélites e principalmente verificar as baterias, que no meu caso eram fortemente temperamentais.

Bem, acontece que cada um de nós estava sozinho. Eu estava no cimo de um monte, que por ter ardido não tinha arvores, num dia de extremo calor e muito muito vento, o que se tornou problemático. Precisava de um chapéu-de-sol para não assar como uma sardinha, mas o vento tornou a tarefa de posicionar o chapéu extremamente difícil, que voou mais de uma vez, uma delas monte abaixo. E lá fui eu atrás dele que nem um doido. Acabei por passar a tarde com uma mão no cabo do chapéu a tentar mantê-lo o mais estável possível.

Para além de olhar para o ecrã do GPS não havia muita coisa para fazer, mas ia prevenido com uma bateria de livros, mas acabei por passar o dia agarrado ao “Tecido do Cosmos”, com uma mão apenas, pois a outra ia agarrando o chapeu assim que ouvia as árvores no fundo do vale a mexer.

Uma coisa muito boa era a vista. Do local onde estava (num monte por cima da Azambuja) via Lisboa, o Vale do Tejo, A Serra de Montejunto e o início da Serra D’Aire e Candeeiros. Naquela área havia também uma fauna avícola fabulosa, pelo que passei largos minutos a ver aves de rapina. Os insectos eram também extremamente abundantes, sendo que uma bateria de aranhas se apropriou do meu chapéu-de-sol alguns instantes após o ter colocado.

Não posso por isso deixar de aconselhar vivamente os leitores deste blog, amantes da natureza (e é este o objectivo deste post), a visitar este local e a observar a sua magnífica fauna e flora. Vale a pena levar uns binóculos, algo de que não me lembrei. Outra excelente opção é fazer o percurso Vale do Tejo – Serra de Montejunto e desfrutar do contraste Oeste/Lezíria.


Serra de Montejunto (Oeste)

Leziria e Rio Tejo

Ave de Rapina

Fotos daqui, daqui e daqui.

quarta-feira, julho 25, 2007

Lua Iapetus

A Lua de Saturno Iapetus terá permanecido congelada desde os tempos em que o sistema solar era ainda um jovem. Esta corpo terá retido as caracteristicas que apresentava quando tinha apenas algumas centenas de milhões de anos. É curiosa a cadeia montanhosa localizada exactamente sobre a o equador.
Ver a explicação e a notícia completa aqui.

segunda-feira, julho 23, 2007

Sombra

Imagens da sobra da Lua durante vários eclispes solares, registadas a partir de satélites e estações espaciais

Evolução do Homem Moderno


Maravilhas Naturais do Mundo

Grand Canyon (ver)


Grande Barreira de Coral (ver)


Baía de Guanabara (ver)


Monte Evereste (ver)


Aurora Boreal (ver)


Vulcão Paricutín (ver)


Cataratas Vitória (ver)


Floresta Amazónia (ver)


Não existe consenso. Ficam aqui no entanto 8 hipóteses. Muitas mais coisas caberiam neste espaço. Talvez a maior maravilha natural seja mesmo o nosso Planeta Terra.

sexta-feira, julho 20, 2007

Sempre gostei muito desta imagem..


Tirei daqui

Grand Canyon


O Grand Canyon é um acidente geográfico (desfiladeiro) situado nos Estados Unidos da América. Corresponde a uma depressão que o rio Colorado moldou durante milhares de anos à medida que as suas águas percorriam o seu leito, aprofundando-o ao longo de 446 km. Chega a medir 29 km de largura e atinge profundidades de 1600 metros. Cerca de 2 mil milhões de anos da história geológica da Terra foram expostos pelo rio, à medida que este e os seus afluentes vão expondo camada após camada.


Fonte Wikipédia
Imagens daqui e daqui

quinta-feira, julho 19, 2007

"O Universo Elegante" em Filme


"Por vezes diz-se que o acto de explorar não é tanto o de procurar novas paisagens, mas o de ver com novos olhos"

O Universo Elegante, de Brian Greene foi sem duvida um dos melhores livros que já li. Ao nível da Breve História do Tempo de Hawking, este livro oferece-nos uma nova visão da física e do Universo (ou Multiverso). O ponto de vista é a Teoria das Cordas. As imagens mentais que criamos ao ler este livro são fabulosas. Agora é possível ver o filme aqui. Não dá para fazer o download, mas pode-se ver online no site da NOVA (pode-se encontrar por lá mais filmes e documentários sobre ciência).

Para quem estiver interessado em rever conceitos básicos de física ao mesmo tempo que viaja por 11 dimensões e atravessa universos paralelos não deve perder este filme.

Imagem de topo daqui

quarta-feira, julho 18, 2007

Geologia na ponta dos dedos

O Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) e a Agência Ciência Viva promovem nos dias 24 e 31 de Agosto actividades dirigidas a cegos e amblíopes no âmbito da Geologia no Verão. "Geologia na Ponta dos dedos: as Rochas" vai realizar-se no laboratório do Deparatmento de Geologia, da FCUL, pelas 15h00 e dará a oportunidade a estes jovens de sentirem a geologia nas pontas dos dedos.
Mais informações:

Buracos Negros mesmo por cima das nossas cabeças


Num dos posts anteriores escrevi um pouco acerca dos buracos negros (aqui). Disse que se comprimirmos uma porção de matéria o suficiente a gravidade torna-se tão forte que nada pode escapar, nem mesmo a luz – forma-se um buraco negro. Outro ponto importante que referi é que podem formar-se buracos negros de quase todos os tamanhos, desde microscópicos até alguns dias-luz. A formação de um novo buraco negro depende da densidade da matéria e não apenas da sua massa total. As leis da física permitem densidades de matéria até 10^97 quilogramas por metro cúbico (denominado valor de Plank). Sobre estas densidades a gravidade torna-se tão forte que as flutuações quânticas destroem a estrutura do espaço-tempo. Tal densidade é suficientemente grande para criar um buraco negro com cerca de 10^-35 metros de diâmetro (comprimento de Plank) e com uma massa de 10^-8 (massa de Plank). Este é o buraco negro mais pequeno permitido pelas leis da física. É muito mais maciço que uma partícula elementar, mais muito mais pequeno.

Apesar de nunca ninguém ter visto um buraco negro os cientistas acreditam que estes podem ser detectado de forma indirecta. Inclusivamente um grupo de cientistas conjecturou que versões muito pequenas e leves destes objectos exóticos podem estar neste preciso momento a formar-se sobre as nossas cabeças, como resultado da colisão entre partículas ultra-energéticas denominadas de raios cósmicos e as moléculas que constituem a nossa atmosfera. Estes pequenos buracos negros rapidamente decairiam e formariam uma chuva de partículas atómicas inofensivas sobre o nosso planeta. De facto existem actualmente cerca de 1600 aparelhos instalados na superfície do planeta com o objectivo de detectar as partículas resultantes da formação e desintegração deste buracos negros (ver figura em baixo).


Ver artigo: The Black Hole Next Door
Imagem de topo daqui
Bibliografia: Quantum black holes: Physicists could soon creating black holes in the laboratory. Bernard J. Carr & Steven B. Gidding. Scientific American Reports, Especial Edition on Astrophysics, Volume 17, Number 1, 2007;

terça-feira, julho 17, 2007

Água, água por todo o lado - no planeta HD 189733b


"Os cientistas relatam a primeira descoberta conclusiva da presença de vapor de água na atmosfera de um planeta para além do nosso Sistema Solar (ESA, Portugal)."

Ver notícia completa no site da ESA aqui (Crédito da Imagem: ESA)

A descoberta foi publicada a 12 de Julho de 2007 na Nature: ‘Water vapour in the atmosphere of a transiting extrasolar planet’, G. Tinetti, A. Vidal-Madjar, M-C. Liang, J-P. Beaulieu, Y.L. Yung, S. Carey, R. Barber, J. Tennyson, I. Ribas, N. Allard, G. Ballester, D.K. Sing, F. Selsis.

Ao que parece esta descoberta foi feita por uma bolseira!! (vejam o post do Klepsýdra aqui)

Livros que ando a ler

O Luís Rodrigues do Ciência ao Natural desafiou-me a fazer um post sobre 5 livros que ando a ler. Não sendo este um blog pessoal pensei que poderia não ser correcto escrever um post pessoal. No entanto tendo em conta que este blog é acima de tudo um blog de divulgação científica, pensei: porque não? É uma boa oportunidade de partilhar alguma dos textos que me têm influenciado directamente na escrita de alguns posts. Vou por isso restringir-me aos livros de divulgação científica que ando a ler, que são praticamente todos. E desafio desde já os outros membros da equipa da Terra que gira a partilhar as suas leituras.

Não tenho por hábito ler um livro de enfiada, excepto quando estou em viagem. Geralmente leio muitos ao mesmo tempo. A minha mesa-de-cabeceira está coberta por uma pilha deles. Pego num ou noutro consoante o meu estado de espírito.


Tecido do Cosmos
Brian Greene
Gradiva, Ciência Aberta, 2006

O meu preferido! Gosto tanto dele que leio muito devagar com medo de o acabar.
É um livro sobre o espaço e o tempo. Será o espaço uma entidade? Porque é que o tempo tem um sentido? Poderia o universo existir sem espaço nem tempo? Poderemos viajar até ao passado?
Partindo de ideias antigas de Galileu, Newton e Einstein (entre muitos outros), Brian Greene leva-nos até às fronteiras da Ciência. De uma perspectiva da física teórica transporta-nos numa viagem desde do Big Bang até a um Multiverso de onze dimensões. Descreve de forma brilhante e acessível a teoria da relatividade e a mecânica quântica, apresentando as novas ideias da teoria das supercordas.


A Agonia da Terra
Hubert Reeves, Frédéric Lenoir
Gradiva, Ciência Aberta, 2006


É um livro sobre aquecimento global, depauperamento dos recursos naturais, poluição dos solos e das águas, desigualdade na distribuição da riqueza, mal-nutrição dos homens, taxa elevadíssima de extinção de espécies, etc. Nos dias que correm é um livro a não perder. Muito bem fundamentado em termos científicos resume muito bem quais os problemas que a Humanidade e o Planeta enfrentam. Pensar globalmente, agir localmente é imperativo.


O Acaso
Joaquim Marques de Sá
Gradiva, Ciência Aberta, 2007


Um livro que explica o acaso. Que explica muito bem o que são as probabilidades. Que mostra porquê é que coisas improváveis acontecem.
O acaso é dos fenómenos mais mal compreendidos pelo homem, talvez por uma limitação natural do nosso cérebro em lidar com sistemas muito grandes e muito complexos. O nosso mundo é em grande parte probabilístico, sem percebermos o que é o acaso dificilmente compreenderemos o que se passa à nossa volta.


Conceitos Fundamentais da Matemática
Bento de Jesus Caraça
Gradiva, Ciência Aberta, 1998

Recentemente decidi estudar física moderna de forma metódica. Trabalhando em geologia cedo percebi que não iria ser fácil. Quando comecei apercebi-me que precisava de rever alguns conceitos básicos de física, mas principalmente tinha de dominar a matemática. Os textos de divulgação científica não são ferramentas de estudo por si, mas são excelentes complementos. Mesmo quando não tenho paciência ou tempo para estudar, ao ler estes livros delicio-me com a informação que ele contem e vou aprendendo alguma coisa. É juntar o útil ao agradável.
O livro parte da necessidade dos humanos fazerem contagens e da origem do número, levando-nos ao longo da evolução do conhecimento matemático desde a Pré-História até aos nossos dias, nunca esquecendo as monumentais influências filosóficas que a matemática proporcionou ao longo dos tempos.


Guia da Terra do Espaço
Isaac Asimov
Campo das Letras, Campo das Ciências, 1995

Pulsares, Buracos Negros, Supernovas, Porque é que a existem Marés? Incorporando sempre uma componente histórica e filosófica da evolução de muitas ideias e factos científicos, Asimov explica de forma sucinta e acessível a todos alguns dos assuntos mais interessantes que o pensamento e a investigação científica trouxeram para o seio da Humanidade. Um livro ideal para quem dá os primeiros passos no mundo da curiosidade. Asimov é sem duvida um dos melhores comunicadores de ciência que o mundo já viu.

Pronto, vou parar por aqui, já estão cinco. Tenho por lá mais uns livros que ando a ler, mas podem ficar para um próximo post. E quem sabe um dia escreva sobre os melhores que já li.

segunda-feira, julho 16, 2007

O Prof. Sentieiro e os bolseiros

Abaixo são reproduzidas as declarações recentes do Presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) sobre aqueles cujo organismo a que preside tutela, os bolseiros, conjuntamente com a resposta da Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC).

Para além de dar a ideia que o Prof. não sabe muito bem o que é um bolseiro (ver a terceira declaração) há umas frases que dão a ideia de que o senhor também terá uma costela de comediante (a primeira e a última declaração).

DECLARAÇÕES DO PRESIDENTE DA FCT

O Presidente da FCT, durante a apresentação do Consórcio InBio, a dia 15 de Junho, em Vairão, respondeu a questões colocadas pelos bolseiros presentes no evento e que são elucidativas das suas posições. (As citações apresentadas aqui são parafraseamentos mas que pensamos preservar o sentido original.)

«Os bolseiros são privilegiados pois fazem aquilo de que gostam e ainda são pagos para isso.»

Certamente que o Prof. Sentieiro não pretende sugerir que só os que trabalham naquilo que não gostam sejam pagos por isso. Os investigadores e técnicos recebem uma bolsa fruto do seu trabalho e estudo, cujo mérito foi avaliado e reconhecido por um painel de avaliação. Recebem pela realização do seu trabalho e contribuição para a produção científica um subsídio. Jovens investigadores e técnicos encontram na bolsa a única forma de prosseguir uma carreira em ciência. Fazem-no apesar das dificuldades e insegurança que o sistema de bolsas implica. O termo “privilegiado”, que faz recordar afirmações deste Governo face aos funcionários da Função Pública, é revelador de uma falta de reconhecimento do trabalho e serviço que os bolseiros prestam ao sistema científico e tecnológico nacional (SCTN). É necessário que façamos a tutela compreender que somos trabalhadores científicos, cujo trabalho deve ser valorizado.

«A nova proposta do estatuto de bolseiro da ABIC quer transformar os bolseiros em funcionários públicos.»

Esta é uma descaracterização da proposta da ABIC. A ABIC não apela à transferência dos bolseiros para os quadros da função pública. A PAEBI reclama a substituição das bolsas por contratos de trabalho.

Estes poderão ser contratos a termo, semelhantes aos actualmente financiados pela FCT através de contratos-programa no âmbito do «Concurso Público para a Contratação de 1000 investigadores doutorados». Estes contratos não implicam a entrada nos quadros das instituições de acolhimento. A PAEBI recomenda que os “contratos devem ser equiparados ao regime de Carreira de Investigação Científica ou ao regime geral das carreiras da Administração Pública”, para que esses investigadores, embora não pertencendo às carreiras, possam ir rentabilizando a sua experiência de trabalho em termos de remuneração – o que contrasta com a situação caricata de um ex-bolseiro de pós-doutoramento, que aceitando uma bolsa de projecto para prosseguir o seu trabalho, veja a sua remuneração mensal reduzida em cerca de 700€.

«Se um bolseiro é considerado um trabalhador igual aos outros então um estudante de engenharia também devia ser pago para estudar engenharia.»

Esta afirmação revela a confusão reinante sobre como distinguir um estudante de um profissional de ciência (investigador, técnico, gestor de ciência). A PAEBI segue neste respeito a Carta Europeia do Investigador, que define que o reconhecimento como profissional deve “começar no início da sua carreira, nomeadamente a nível pós graduado, e incluir todos os níveis”. Isto é, nos termos pré-Bolonha, um licenciado é considerado um profissional. Existe sempre alguma componente de formação no trabalho realizado por um bolseiro, mas essa componente é inerente à actividade científica e coloca-se a qualquer nível. Sem prejuízo dessa componente, a actividade dos bolseiros é fundamentalmente a de realização de trabalho científico e de produção científica, equivalente à dos investigadores e técnicos de carreira. Esta distinção é clara para a grande maioria dos actuais bolseiros, como sejam os bolseiros de pós-doutoramento e de projecto. Vejam como a maior parte dos anúncios de bolsas de investigação incluem nos requerimentos do candidato experiência na actividade que irão realizar enquanto bolseiro. Claramente a bolsa não se destina a formar um “estudante” na área de trabalho, mas para recrutar um profissional já com alguma experiência. A distinção poderá ser menos clara no caso de um doutorando, o actual 3º ciclo de ensino superior. O doutorando, muitas vezes referido como “estudante de doutoramento” tem de se inscrever na instituição de acolhimento, pagar propinas, e irá obter um grau académico. Tornam-se frequentes os programas de doutoramento que incluem um período de frequência de cadeiras e seminários. A PAEBI faz a este respeito uma distinção, considerando que durante este período mais curricular, sendo predominante a componente de formação, deve ser atribuída uma bolsa. Numa fase mais avançada do doutoramento, durante a qual é predominante a realização de trabalho científico, deve ser atribuído um contrato de trabalho. Este sistema misto existe, por exemplo, na Espanha, Grécia e Suécia. Noutros países da União Europeia, como a Alemanha, Áustria, Dinamarca, Holanda e Noruega os doutorandos assinam um contrato de trabalho durante todo o periodo de doutoramento. A exigência da generalização de contratos de trabalho tem em conta a realidade de grande parte dos actuais bolseiros e o justo reconhecimento do pós-graduado como profissional.

«Concordo que as pessoas tenham bolsas de pós-doc de 3 anos a seguir ao doutoramento, mas não devem ter bolsas para toda a vida.»

Neste ponto há convergência. A questão que se coloca é a de alternativas às bolsas. São conhecidos muitos casos de investigadores e técnicos que são bolseiros há 8-10 anos, alguns com mais de 12 anos. Mas a realidade é que a bolsa é muitas vezes a única forma de estes poderem auferir rendimento para a continuação do seu trabalho. Por isso a ABIC tem defendido, paralelamente à revisão do estatuto, um maior incentivo à criação de emprego científico. Nesse campo, as medidas do actual governo estão muito aquém das suas promessas. A principal medida foi a abertura do «Concurso Público para a Contratação de 1000 investigadores doutorados», mas seria necessário contratar dez vezes mais investigadores para aproximar o número de investigadores per capita face à média da União Europeia, e adicionalmente um número ainda superior de técnicos. Sendo esta medida positiva, ela é restritiva e insuficiente, não respondendo à acentuada necessidade de contratação de técnicos de investigação. Uma realidade crescente e preocupante é a substituição da bolsa por avenças: o mesmo investigador passa a ser pago pela sua instituição enquanto prestador de serviços. Em vez de ser assinado um contrato a termo, o investigador ou técnico assina regularmente um recibo verde – uma forma de trabalho precário infelizmente já generalizada entre os trabalhadores portugueses.

«Têm que se mentalizar que têm que ir lá para fora e que isso não é mau para o país.»

Naturalmente que é positivo para o país existirem portugueses a trabalhar no estrangeiro, criando assim pontes de contacto entre comunidades científicas. Contudo o mais amplo aproveitamento da formação no estrangeiro só tem lugar se os investigadores e técnicos puderem depois regressar a Portugal para aqui se capitalizarem os conhecimentos e contactos estabelecidos lá fora. Porém, o actual défice de oferta de emprego científico, nos sectores público e privado, e a precariedade associada às bolsas de investigação, funciona como um desincentivo ao retorno e integração no sistema nacional. Certamente que não é benéfico para o país financiar investigadores cuja mais-valia não irá contribuir para a produção científica nacional, sobretudo quando Portugal tem grande necessidade de mais investigadores e técnicos e quando o Governo aponta a Ciência e Tecnologia como um dos eixos de desenvolvimento económico. A mobilidade dos investigadores é um elemento necessário para um ciência aberta, mas ela deve funcionar através de um sistema de incentivos, e.g., mais recursos de trabalho, melhor remuneração, e não através de factores de expulsão, e.g., precariedade, falta de perspectivas de emprego, que conduzem a uma “fuga de cérebros” e um desperdício dos recursos nacionais.

«Concordo com o aumento dos montantes das bolsas, mas isso irá fazer com que menos pessoas recebam bolsas no futuro.»

Os montantes das bolsas nacionais não são actualizados desde 2002, o que tem implicado, devido à inflação, um decréscimo significativo do valor real das bolsas. Uma actualização do montante das bolsas é claramente necessário. Face a esta reivindicação, a FCT tem retorquido que isso implicará uma redução do montante das bolsas, colocando o ónus da responsabilidade nos que reclamam uma justa actualização dos montantes. Mas essa ilação implica a decisão política por parte da tutela de não fazer o necessário reajuste orçamental. Um efectivo reforço do SCTN não pode ser feito à custa de uma maior precarização do trabalho científico. Tal tornará a carreira científica menos atractiva aos estudantes que têm de optar pela sua carreira profissional e conduzirá a uma maior “fuga de cérebros”. São necessários mais recursos humanos nas áreas de Ciência e Tecnologia, mas com condições dignas e atractivas, como recomendado pela Carta Europeia do Investigador.

Castro do Zambujal


O Castro do Zambujal foi um dos maiores povoados do calcolitico da Europa Ocidental. Situa-se a três quilómetros de Torres Vedras, tendo sido descoberto pelo torriense Leonel Trindade. Esta fortificação está estrategicamente implantada num planalto limitado pela Ribeira de Pedrulhos, um afluente do rio Sizandro. Durante o 3º milénio a. C., este rio era navegável e uma bacia marítima chegava até à Ribeira de Pedrulhos, constituindo um excelente porto comercial.
O Instituto Arqueológico Alemão tem realizado investigações regulares, desde 1964. Neste momento (verão de 2007) está a realizar-se uma nova campanha de escavações liderada pelo arqueólogo Michael Kunst, do Instituto Arqueológico Alemão de Madrid. A equipa conta com membros e diversas nacionalidades (portugueses, belgas, holandeses, espanhóis e alemães).
Exste também um exposição permanente no Museu Leonel Trindade em Torres Vedras sobre o Castro do Zambujal.

Mais sobre o Castro do Zambujal:
O modus vivendi do Castro do Zambujal
Zambujal: Relatório de Escavações 1994-1995

Foto daqui

quarta-feira, julho 11, 2007

As entranhas de um vulcão


Um vulcão é mais que um amontoar impressionante de escoadas de lava e camadas de cinza e outros piroclastos.
Uma erupção envolve o transporte do magma desde o sitio onde este se gera (geralmente no manto) para uma câmara magmática onde este se vai acumular até que a pressão do mesmo seja suficiente para o fazer ascender por um sistema de diques e soleiras até às chaminés ou fendas por onde vai finalmente ser extruído sobre a forma de lava, cinzas, lapilli, escórias, bombas vulcânicas entre outros produtos piroclásticos.
Quando um vulcão se extingue e deixa de ser alimentado pelo seu intricado sistema de condutas os agentes erosivos encarregam-se de expor as redes de filões, soleiras, chaminés que a constituíam.

Em Portugal continental temos a sorte de poder observar todos estas diferentes partes de um sistema sub-vulcânico visto que o último episódio de actividade vulcânica na região se deu durante o Cretácico Superior e as rochas formadas durante este período se encontram agora expostas mostrando a quem quiser as entranhas dos vulcões portugueses que devem ter incomodado muito dinossauro com cinza e lava em abundância.

O Complexo Vulcânico de Lisboa, aflorante numa extensão de cerca de 200 km2 entre Lisboa e Torres Vedras compreende:

· Escoadas e camadas de cinza constituídas pelo material expelido por estes vulcões.

Escoada (a castanho) que corta camada de cinzas (avermelhada) em Negrais.

· Chaminés que transportavam a lava até à cratera onde esta atingia a superfície.

Chaminé do Cabeço de Montachique.


· Diques que transportavam verticalmente o magma da câmara magmática até zonas mais superficiais onde o magma, ao contactar com a superfície, se iria concentrar numa parte desta estrutura planar, formando uma chaminé ou irá parar o seu percurso acumulando-se numa soleira.

Dique em Ribeira d'Ilhas.

· Soleiras onde algum do magma seacumula e cristaliza sem nunca atingir a superfície.

Soleira na praia das Maçãs.

Podemos ainda observar antigas câmaras magmáticas de edifícios vulcânicos, hoje materializadas pelas Serras de Monchique e Sintra e pelo afloramento do Cabo de Sines onde a presença de brechas ígneas é indicadora da actividade vulcânica explosiva ocorrida no passado.

O cabo da Roca, parte integrante do maciço sub-vulcânico de Sintra, visto da praia do Guincho.

Em outros locais, a erosão e exposição destas manifestações de actividade ígnea passada deram origem a paisagens reconhecidas mundialmente, como é o caso de:

Ship Rock, Novo México, EUA - uma chaminé e os diques que a alimentam

Palisades, New Jersey, EUA - uma soleira.



Devil's Tower, Wyoming, EUA - uma caminé


As montanhas Cuillins na Ilha de Skye, Escócia - uma antiga câmara magmática.



As soleiras do grupo Jurássico de Ferrar, na Antártica