terça-feira, março 13, 2007

A culpa é do Arrhenius


Um dos mais usados, cansados e falsos argumentos usados para descredibilizar a teoria do aquecimento global antropogénico é de que é tudo uma moda recente (ou uma conspiração perpetrada por comunistas camuflados, conforme o grau de paranóia) e que nos anos 70, para além do disco, dos bigodes e das calças à boca de sino, o que estava a dar era o arrefecimento global.

A base desta alegação é constituída por dois artigos saídos nas muito pouco científicas revistas Time e Newsweek que algures na década de 70 dedicaram espaço nas suas páginas a um hipotético arrefecimento global.

Ora, visto que esses artigos são usados pelos detractores da teoria do aquecimento global como provas de um consenso científico à volta de um arrefecimento generalizado do planeta, estranhamente representado apenas por artigos na imprensa generalista, William Connolley um climatólogo do British Antartic Survey, decidiu compilar todos os artigos científicos com referencias à suposta eminente idade do gelo. O resultado não impressiona ninguém, não devem chegar à vintena entre livros, relatórios e artigos, os textos que mencionam tal hipótese. Lá se vai o consenso sobre o arrefecimento na década de 70.

Para piorar as coisas, afinal já se fala de aquecimento global há bastante tempo. Aí desde 1896, para ser mais preciso, quando o prémio Nobel da Química Svante Arrhenius sugeriu que o aumento das concentrações de CO2 na atmosfera devido à queima de combustíveis fósseis poderia provocar um aumento das temperaturas.

Nos anos 40 esta hipótese foi confirmada pela espectrometria de infravermelhos que permitiu verificar que o dióxido de carbono absorve radiação infravermelha indo o aumento da sua concentração na atmosfera fazer também aumentar as temperaturas da mesma.

Na década de 50 Gilbert Plass adverte para os perigos provenientes da queima excessiva da combustíveis fósseis mas nessa altura pensava-se que os oceanos podiam absorver todo o CO2 em excesso, até que Charles Keeling publica as suas medições da variação da concentração de CO2 na atmosfera, mostrando sem sombra para dúvidas que esta se encontrava a subir.

E a partir daí o assunto foi ganhando momento e força mediática, excepto durante o tal intervalo nos anos 60-70 em que as elevadas emissões de aerossóis de sulfato fizeram com que as temperaturas globais não aumentassem como previsto, o que deixou de acontecer assim que nos anos 70 se começaram a regular as emissões destes poluentes, principalmente devido à existência de extensas áreas afectadas por chuvas ácidas e tendo em vista melhorar a qualidade do ar.

O que é pena é que ainda haja gente a bater nesta tecla e a apresentá-la vezes e vezes sem conta, como se fosse algo novo e relevante.

Mais informações:

The Discovery of Global Warming, livro online de Spencer Weart.
History of the greenhouse effect and global warming.
Video de Frank Capra sobre aquecimento global datado de 1958.

3 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

uffa.........vim direitinha das Palavras atiradas ao Vento....


e isto de ser de um outro mundo deixa-me "podre" DE ignorante...mas felizmente que existem blogs como os vossos...


___________________abraço sem culpa...e com mt vontade se saber....:)))

isabel mendes ferreira disse...

errata: De saber e não "se"...

Rui M disse...

semore às ordens, Isabel ;)